Meus Primos Thugs

Quando tudo começou? Digamos que foi em 1947. Naquele ano de mortandade, tio Duarte tinha tomado a corajosa decisão de migrar para Praia, fazendo uma longa viagem pé na txon. Salvou-se da fome e da morte. Casou-se depois com uma bonita badia da capital. Teve um batalhão de filhos e filhas. Abriu uma padaria em Achada de Santo António, certamente para alimentar a sua multidão. Prosperou-se, e foi feliz... Até aqui, tudo bem!

Agora, não acreditam que, sessenta anos depois, os bisnetos do tio Duarte decidiram desmigrar para Calheta. Entraram num Hiace, e horas depois apareceram lá em casa.
- Ya, primo! – disse o Nhuné, um primo meu da Calheta.
- Ya, brother! Ya, anhos di fora, nhos e cool, ya! – disse um dos meus primos thugs.

Despistaram para o poial, e conversaram demoradamente com o Nhuné. Quando me juntei à conversa, estavam no capítulo “kel pikena ki ben di Praia”. Nhuné queria saber se eles conheciam tal jovem de um grupo de dança do Bairro Craveiro Lopes que se encontrava na vila para participar no festival de dança daquela noite. Depois conversamos um pouco, e quis saber se eram thugs. Riram-se, disseram-me que era apenas new style. Riram-se...

Passando três semanas, eles continuavam na vila. De modo que, tive que tomar a difícil decisão de escorraça-los para a capital, dizendo-lhes que, em memória do tal tio Duarte, eles deviam confraternizar com os seus colegas thugs lá da capital, e se inscreverem no ensino superior. Juraram-me que se inscreveriam. Passando uns dias, decidiram regressar à capital. E ontem vi um deles no HI5 com uma foto sobre Calheta e comentários sobre os seus primus di fora.

 
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