CONFISSÕES MUANGOLEADAS


(quarta-feira, 22 de Agosto, 11h10...)

No Jardim Zoológico, apanhei o metro para Marquês de Pombal. Como nunca tive tempo para descodificar o enigma rodoviário lisboeta, perguntei a um jovem como devia fazer para chegar ao Restelo. A mobilidade urbana nesta área metropolitana me parece ser um bicho-de-sete-cabeças, a tal ponto que o jovem (ainda desconhecido) aprontou-se a me acompanhar até a paragem do autocarro 727, acabando por embarcar comigo até Belém.

Foi preciso menos de meio minuto para criar um clima de amiguismo, visíveis nos nossos risos e gargalhadas descomplexados perante a luminosidade solar. Pouco depois, o jovem rapaz começou com as proverbiações rimáticas a volta dos nomes Cícero e Eurídice. Foi um desfilar de patetices greco-romanas. De qualquer maneira, a risada foi boa!

O sotaque do jovem rapaz (de nome Cícero) não me era estranho e punha a nu as suas origens. Eis que me atrevi a dizer:
- Tenho um grande amigo muangolé!
- Sou muangolé, mas sem os defeitos.
- Sem os defeitos?
- Sim. O bicho angolano pensa que é o dono do mundo. Em Angola, nós não temos essa coisa vossa (!): a cordialidade...

Fiquei a pensar no meu amigo Tavira, nas nossas conversas sobre o povo angolano e, em especial, sobre as mulheres angolanas. A diferença é que o Tavira enche a boca e afirma:
- Eu sou um angolano! “Raça negra”, como vem explícito no meu BI.

Depois de postar esta nota, um amigo meu me confirmou que ele e o irmão (filhos dos mesmos pais) foram considerados pelos responsáveis do registo notariado lá em Cabinda como pertencendo a duas raças diferentes (ele da “raça negra” e o irmão da “raça mista”). Sinceramente, não percebi qual o critério para a classificação dos/as angolanos/as segundo a raça!...

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Laundry Detergent Coupons