«O útero da casa»

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Mátria
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Quero-me desperta
se ao útero da casa retorno
para tactear a diurna penumbra
das paredes
na pele dos dedos reviver a maciez
dos dias subterrâneos
os momentos idos
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Creio nesta amplidão
de praia talvez ou deserto
creio na insónia que verga
este teatro de sombras
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E se me interrogo
é para te explicar
riacho de dor cascata de fúria
pois a chuva demora e o obô entristece
ao meio-dia
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Não lastimo a morte dos imbondeiros
a Praça viúva de chilreios e risonhos dedos
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Um degrau de basalto emerge do mar
e na dança das trepadeiras reabito
o teu corpo
templo mátrio
meu castelo melancólico
de tábuas rijas e de prumos.
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in O útero da casa,
Conceição Lima (Santana, ilha de São Tomé).
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O destino de Cidade Velha
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Amanhã, em Sevilha, decorre a 33ª Sessão do Comité de Património da UNESCO para a avaliação final da candidatura da antiga cidade de Ribeira Grande, a nossa Cidade Velha, à Património Mundial da Humanidade. Trata-se do berço da nação cabo-verdiana, uma cidade erguida num pedaço de chão, no remoto século XV. E fica aqui este poema emprestado da Conceição Lima para uma meditação enquanto as novas não chegam…

 
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