Latada

Vejo a caloirada solta por um lado ou por outro, mas a maioria está “acorrentada” à sua madrinha ou ao seu padrinho. A Festa das Lata de Coimbra começou há uma semana, com serenata, concertos e bebedeira. E, esta terça‑feira, a Praça da República está engarrafada por causa do cortejo da latada. Latada é uma festa parecida com o carnaval, uma espécie de ritual de iniciação pública para a caloirada. Saindo do largo D. Denis, a malta segue pela avenida até ao Mondego, entoando cânticos de bizarria e rindo-se à‑toa para a multidão que se aproxima do palco da festa. Quando a noite começa, a caloirada baptizada com as águas do rio liberta‑se para devaneios até ao amanhecer.

No meu tempo, quando cheguei em Novembro de 2000, tinha já terminado a época de recepção da caloirada, mas aproveitei o meu segundo ano de curso para viver o que não tinha vivido no ano anterior e para “dar cabo da vida” das minhas duas afilhadas (Dulcineia de São Tomé e Salette do Porto) e dos dois extra-afilhados (Jailson de Assomada e Marcelo do Fogo). Hoje, até dizem que fui boazinha!...

Michelle and Barack Obama (II)

…última semana antes da grande terça. Tudo indica que Obama será eleito no dia 4 de Novembro.
Inicia-se assim a contagem decrescente…

Grande Prémio Cidade Velha


Grande Prémio Cidade Velha 2008

O historiador Elias Moniz, autor da tese de doutoramento Africanidades e Eurocentrismos em Pelejas Culturais e Educacionais no Fazer-se Histórico de Cabo Verde, é o vencedor do Grande Prémio Cidade Velha, instituído pelo Ministério da Cultura de Cabo Verde. Trata‑se do maior prémio nacional atribuído à investigação científica, social e humana, sobre a realidade cabo-verdiana, sendo um incentivo à produção nacional, num país onde quase inexistem apoios institucionais nesta área.


Grande Prémio Cidade Velha 2005

Na 1ª edição do Grande Prémio Cidade Velha, o vencedor foi o sociólogo Gabriel Fernandes. A sua tese de doutoramento deu origem ao livro Em Busca da Nação: Notas para uma Reinterpretação do Cabo Verde Crioulo, que juntamente com a sua obra prima (--A diluição da África: Uma Interpretação da Saga Identitária Cabo‑verdiana no Panorama Político (Pós)colonial--) e os livros de José Carlos Gomes dos Anjos (--Intelectuais, Literatura e Poder em Cabo Verde: Lutas de Definição da Identidade Nacional--) e de Manuel Brito‑Semedo (--A Construção da Identidade Nacional: Análise da Imprensa entre 1877 e 1975--) constituem os principais trabalhos sobre a (des)construção da identidade nacional, fabulosa e estrategicamente inventada e defendida como sendo mestiça.


Feliz Dia da Cultura Cabo-Verdiana!
Parabéns, Elias Moniz!
Parabéns, jovens Prémio Pantera!

«perguntas cafeanas»


João Branco

Uma jovem mulher que mora com um “tio”, toma conta da casa, dá-lhe carinho, amizade, sexo, em troca das propinas da Universidade e de umas roupas na boutique mais in da cidade, entra num sistema de trocas que não difere muito do tipo de relacionamento que existe em tantos casais que vemos por aí, ou é preciso chamar os bois [leia-se “vacas”! --- (este parêntese é da inteira responsabilidade da autora deste blog)] pelos seus nomes?


Eileen

[…] Eu ainda acho que o “tio” que paga as propinas é que sai com lucro do tal relacionamento. Vejamos: já está com mais de cinquenta, tem um bom salário, logo, dinheiro não é problema. Mas! Está só, não sabe tomar conta de si, porque foi casado e era a mulher que lhe fazia a comida, cuidava dos filhos, vigiava a sua própria saúde, dizendo-lhe “não comas isso, não bebas aquilo, vai fazer análises, toma este comprimido”. Separaram-se e o “tio” ficou perdido na vida. Precisa de alguém que lhe passe a roupa e lhe compre os boxers, que lhe diga que o cabelo já levava um corte e que se calhar esse caroço na próstata devia ser visto por um médico; ele ainda dá um bom show entre os amigos e enfeita o jeepão; essa moça faz as compras, cozinha, lava, blá blá blá e isso tudo só custa dinheiro. E dinheiro, ele tem. // Mas vamos ver o lado da nossa estudante. É nova e bonita, podia ter o rapaz novo e fogoso que quisesse. Mas não. Lá está ela com o “tio” gorducho, cabeludo, com um hálito meio podre, a tomar conta dele, provavelmente com pouco respeito por si própria, mas pensado: eu ainda vou ser alguém na vida e dar um futuro diferente aos meus filhos... […]

Doméstica violência, e se eu for a próxima?

«em alguns bairros críticos da Cidade
de São Filipe, 43% das mulheres dizem
que são agredidas
diariamente



doméstica violência…
e se eu for a próxima?

se esta minha pele macia, sumaúma,
agredida for por um…?

se o meu corpo de sereia
manchado ficar com as mãos di nha kretxeu, ki kren txeu?

se na minha face de encantada
o sorriso for travado por lágrimas desesperadas?

e se eu for a próxima?


Voto pela Felicidade!

Sim, sou a favor da união entre pessoas do mesmo sexo! Contra todos os preconceitos e moralismos vazios, devíamos deixar de obstaculizar a felicidade dos gays e das lésbicas! É claro como a água do riacho que «os direitos sexuais são direitos humanos»! (Veja os principais pontos em discussão na terra lusa aqui: Lilás com Gengibre)...

………..

Notícia da hora do almoço --- infelizmente, o projecto de lei do BE (casamento entre homossexuais) foi chumbado! E o PS justificou que «não era o momento certo para fazer alterações à lei em vigor». Conta outra, PS!!! Uma excepção fantástica, a do Manuel Alegre... Um dia desses vou declarar a minha paixão por Manuel Alegre!

o desejo da viagem


Poema do Mar

O drama do Mar,
o desassossego do mar,
---------sempre
---------sempre
---------dentro de nós!

O Mar!
cercando
prendendo as nossas Ilhas,
desgastando as rochas das nossas Ilhas!
Deixando o esmalte do seu salitre nas faces dos pescadores,
roncando nas areias das nossas praias,
batendo a sua voz de encontro aos montes,
baloiçando os barquinhos de pau que vão por estas costas...

O Mar!
pondo rezas nos lábios,
deixando nos olhos dos que ficam
a nostalgia resignada de países distantes
que chegam até nós nas estampas das ilustrações
nas fitas de cinema
e nesse ar de outros climas que trazem os passageiros
quando desembarcam para ver a pobreza da terra!

O Mar!
a esperança na carta de longe
que talvez não chegue mais!...

O Mar!
saudades dos velhos marinheiros
contando histórias de tempos passados,
histórias da baleia que uma vez virou a canoa
de bebedeira, de rixas, de mulheres,
nos portos estrangeiros...

O Mar!
dentro de nós todos,
no canto da Morna,
no corpo das raparigas morenas,
nas coxas ágeis das pretas,
no desejo da viagem que fica em sonhos de muita gente!

---------Este convite de toda a hora
---------que este Mar nos faz para a evasão!
---------Este desespero de querer partir
------------------e ter que ficar.

Jorge Barbosa

Lá no meu cutelo, temos uma velhota que sonhava viajar pelo mundo. Um belo dia, à sombra de uma velha acácia, na rua das padarias, Vinda foi desembrulhando o grande sonho da sua vida. Então a velhota revelou que queria viajar para países que ficam no além das fronteiras de Cabo Verde, mesmo que fosse para ir até Maio! A velharada que escutava abanou a cabeça num sinal de entendimento da profundeza do sonho partilhado, mas a criançada não esperou um segundo sequer para romper gargalhadas. A tarde enchera de riso, mas Vinda nem se importava com o motivo da risada. Queria viajar... tão-somente!...

tantas interrogações

...um mito?

Numa entrevista ao Jornal de Notícias, Sveva Casati Modignani afirma que «a igualdade entre o homem e a mulher é um mito» (bom, eu acredito que é possível, embora a luta seja árdua, necessitando da colaboração não só das mulheres, como dos homens!). Apesar disso, não posso deixar de aplaudi­r a autora do Feminino Singular quando realça que «actualmente, as mulheres têm dois empregos: fora de casa e dentro dela. Mesmo a vida de uma mulher que se considera insignificante daria por certo um grande romance. Ser educada como mulher, casar-se, constituir família, criar os filhos... É uma tarefa ingrata que só nós podemos fazer. A autoconfiança das mulheres tem que ser elevada. Basta vermos a nossa coragem.»

Ainda agrada-me ouvir que, «no romance Feminino Singular, sobre a maravilha que é a maternidade, conto a história de uma mulher que tem que criar três filhos sem a ajuda de ninguém e, no entanto, sai-se lindamente. Quantos homens poderiam fazer o mesmo que ela faz? As mulheres são seres extraordinários.» Para terminar, a autora não deixa de concluir que, «no campo do trabalho, as mulheres ganham menos do que os homens. Nos postos de liderança, seja nos governos ou multinacionais, as mulheres são quase excluídas (...). As capacidades femininas têm que ser reconhecidas na exacta medida do que já acontece com os homens. O mundo irá funcionar melhor quando os dois sexos forem colocados no mesmo nível.» Belíssima entrevista, e agora fiquei curiosa para ler o referido livro!


Mito sou eu!

«O meu trabalho é feito de afectos», disse Mito Elias ao Expresso das Ilhas, numa entrevista crítica que extravasa a produção artística em Cabo Verde. Gostei da perspectiva crítica! E aproveito para ressaltar três ideias abordadas pelo artista berdiano. Aqui vão elas:
1. «Na nossa Arca de Noé só são permitidos alguns bicharocos.»
2. «Sempre tiveram um porte soslaio com os meus projectos, mas eu tenho uma teoria para isso: como todos os meus projectos têm uma veia descomplexadamente em crioulo, será certamente por aí que se deve procurar as razões.»
3. «Apesar da Internet e das facilidades de comunicação que existem, hoje em dia, as informações são mal processadas, a ponto de termos documentários sobre música que se confundem com teleculinária ou blogocratas que se julgam os faróis da nossa cegueira.»


Blogosfera berdiana

A blogosfera berdiana está a crescer a olhos vistos. Porém, não sei por que razão, tem sido alvo de pequenas duras críticas. O que está a acontecer? O que significa «blogocratas»? Será que temos «blogocratas que se julgam os faróis da nossa cegueira»?

Independentemente das respostas, a blogosfera berdiana está uma maravilha, numa diversidade significativa. Entretanto, toda a humildade é necessária e deve ser a marca dourada de qualquer blog ou blogista, pois os nossos saberes e as nossas experiências são sempre uma pontinha do que existe...

Faces da Vila

Gostei de ver! Linda menina, minha Calheta...

Raízes no Mar


Parte de um cais a minha viagem
E ela só leva uma trouxa de mim

Há um mar que à minha saudade se agarra
E um monte que da minha solidão abdica

Vadinho velhinho

Ajeitei a minha mochila e segui viagem. Por mais quantos anos? Talvez três ou quatro. Só sei que quero sair de Coimbra antes das minhas primeiras rugas!...

 
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