Poema do Mar
O drama do Mar,
o desassossego do mar,
---------sempre
---------sempre
---------dentro de nós!
O Mar!
cercando
prendendo as nossas Ilhas,
desgastando as rochas das nossas Ilhas!
Deixando o esmalte do seu salitre nas faces dos pescadores,
roncando nas areias das nossas praias,
batendo a sua voz de encontro aos montes,
baloiçando os barquinhos de pau que vão por estas costas...
O Mar!
pondo rezas nos lábios,
deixando nos olhos dos que ficam
a nostalgia resignada de países distantes
que chegam até nós nas estampas das ilustrações
nas fitas de cinema
e nesse ar de outros climas que trazem os passageiros
quando desembarcam para ver a pobreza da terra!
O Mar!
a esperança na carta de longe
que talvez não chegue mais!...
O Mar!
saudades dos velhos marinheiros contando histórias de tempos passados,
histórias da baleia que uma vez virou a canoa
de bebedeira, de rixas, de mulheres,
nos portos estrangeiros...
O Mar!
dentro de nós todos,
no canto da Morna,
no corpo das raparigas morenas,
nas coxas ágeis das pretas,
no desejo da viagem que fica em sonhos de muita gente!
---------Este convite de toda a hora
---------que este Mar nos faz para a evasão!
---------Este desespero de querer partir
------------------e ter que ficar.
Jorge Barbosa
de bebedeira, de rixas, de mulheres,
nos portos estrangeiros...
O Mar!
dentro de nós todos,
no canto da Morna,
no corpo das raparigas morenas,
nas coxas ágeis das pretas,
no desejo da viagem que fica em sonhos de muita gente!
---------Este convite de toda a hora
---------que este Mar nos faz para a evasão!
---------Este desespero de querer partir
------------------e ter que ficar.
Jorge Barbosa
Lá no meu cutelo, temos uma velhota que sonhava viajar pelo mundo. Um belo dia, à sombra de uma velha acácia, na rua das padarias, Vinda foi desembrulhando o grande sonho da sua vida. Então a velhota revelou que queria viajar para países que ficam no além das fronteiras de Cabo Verde, mesmo que fosse para ir até Maio! A velharada que escutava abanou a cabeça num sinal de entendimento da profundeza do sonho partilhado, mas a criançada não esperou um segundo sequer para romper gargalhadas. A tarde enchera de riso, mas Vinda nem se importava com o motivo da risada. Queria viajar... tão-somente!...