Cheguei à estação por volta das 17h. Entrei no comboio e sentei-me ao lado de uma senhora, que me parecia ser cabo-verdiana. Até era cabo-verdiana! O seu nome de baptismo era Maria da Conceição Lopes Miranda. Estudou em Coimbra e, desde o início do mês de Junho, estava a tentar antecipar a propagação de um bicho maligno pelo seu seio esquerdo. Nessa empreitada, contou com o apoio dos médicos do Hospital da Universidade de Coimbra (HUC). Batalha quase vencida. Vou ficar na torcida!...
Comecei a conversar com a Maria sobre a minha vivência académica, em Coimbra. E ela recordava também do tempo em que estudou nessa cidade encantada. Outros tempos, tempos difíceis. Pura adrenalina (!): fintar a PIDE, distribuir panfletos, chamar cabrão ao Salazar. E a greve estudantil de ’68? Uma maravilha à francesa! Depois, veio a crise académica de ’69, transportando alguma euforia francesa para a mais antiga universidade lusa. Hoje, a malta fecha a porta férrea, chama capitalista ao Seabra e para consumar o protesto embriaga-se à custa d’sagres bohémia...
Chegámos à Lisboa perto das 21h. Nem notamos o tempo passar! Lisboa, Lisboa... Como dizia o outro, “Tudo vale a pena / se a alma não é pequena”... Falando nisso, combinamos visitar a esplanada onde Pessoa permanece sentado.