Santiago

Quando cheguei à capital cabo-verdiana, estava a decorrer uma conferência internacional na Reitoria da Universidade de Cabo Verde, espalhando um forte cheiro da academia pela cidade. Para além do pessoal da casa, o José Carlos dos Anjos estava na capital, com uma equipa de investigador@s brasileir@s. Eu e o Gabriel Fernandes fomos ter com a malta para um brinde e conversas afins. Do outro lado da linha, o Odair Varela preparava‑se para uma viagem à capital senegalesa. No meu caso, também tinha que dormir cedo, porque, às seis horas da matina, tinha que apanhar um avião para a ilha do Porto Grande. Foi ainda na Praia que assisti o arranque oficial das campanhas eleitorais, marcado pelas marchas do Filú e do Ulisses...

Quando regressei das ilhas do Norte, nomeadamente Santo Antão e São Vicente, iniciei uma marcha contra o tempo. Por isso, apenas visitei cinco concelhos da ilha maior: Praia, Santa Catarina, Tarrafal, São Domingos e São Miguel. No ambiente flutuante das campanhas eleitorais, estive a remar sucessivamente contra o acelerar das horas. Mas nem por isso deixei de acumular o meu stock de risadas. Também fiz questão de saudar @s amig@s/conhecid@s que se encontravam envolvid@s no festival eleitoral (Milton Paiva em São Domingos; Victor Semedo nos Picos; Moisés Borges no Tarrafal; Paula Vaz, Graça e Francisco na Praia; kaka Barbosa em Santa Catarina; @s candidat@s de São Miguel, etc.). Também, sem grande espanto, apercebi-me de que a minha geração já se despertou para a política activa.

Em cada concelho por onde passei registei momentos de maior cumplicidade. Em São Domingos, aplaudi a subida do Milton Paiva ao palanque. Em Santa Catarina, estive com o Marco, o Evando e a Janine. E vi o kaka Barbosa a preparar o último comício do PAICV que contou com a presença do JMN. Gostei da prosa com o feiticeiro Barbosa, insatisfeito com o estado das coisas na sua cidade natal. Em São Miguel, aproveitei para conhecer melhor o meu concelho, as suas gentes e as dificuldades que espreitam atrás das portas. No Tarrafal, congratulei a candidatura do Moisés Borges, o mais jovem cabeça de lista para a Câmara Municipal apresentado nessas autárquicas. Na Praia, foi com satisfação que participei na “Emissão Especial TCV, Autárquicas 2008”: no primeiro painel, juntamente com Sidónio Monteiro (representante do PAICV), Miguel Sousa (representante do MpD) e Jorge Carlos Fonseca (Analista Político); no segundo painel, juntamente com Rui Semedo (representante do PAICV), Lourenço Lopes (representante do MpD) e Jorge Carlos Fonseca (Analista Político). A moderação esteve a cargo do jornalista Waldemar Pirei, sob a coordenação da jornalista Adelina Brito e sob a direcção da jornalista Margarida Fontes.


Blogosfera

Ainda gostei de ter cruzado com o Abraão Vicente e o Djinho Barbosa, caminhando até ao esconderijo da turma “Raiz de Polon”; de ter escutado as palavras do Mário Fonseca aquando do debate sobre Aimé Cesaire lá na agora animada Fundação Amílcar Cabral, onde o Tide tem desempenhado um papel central na dinamização do espaço; de ter reencontrado o Paulino, o Filinto, a Guida e a Margarida Fontes; de ter conhecido muita malta da blogosfera (Miguel Barbosa, César, Mário Almeida, kaka Barbosa e Baluka Brazão).

São Vicente

A ilha estava muito movimentada, com a máquina da campanha a fazer sentir nas ruas da cidade. Nos primeiros dias da minha estadia, havia um sol sedutor dos mergulhos. Já na recta final, a ventania quebrava o sossego da praça.

Apesar da ventania dos últimos dias, trouxe boas recordações da ilha. Para começar, passei o primeiro de Maio com a Eileen, uma boa prosadora. Foi um dia para mais tarde recordar. Gostei de descobrir que a Eileen preocupa com o ambiente, tendo uma postura ecológica. Entre tantos outros gestos a favor do nosso planeta, a Eileen reutiliza a água e usa energia eléctrica de forma racional. Também gostei dos passeios pela cidade, a sensação de sentir a pulsação da cidade... No final do dia, um “café margoso” com o João Branco, acompanhando as risadas e os delírios no cambar da noite.

No Café Mindelo, a Roselma apresentou-me o Olavo, que me levou ao antigo Liceu Gil Eanes para dialogar com a malta dos anos trinta. Depois da pesquisa diária, reencontrar com o Olavo e com a poesia tornou-se num hábito delicioso. Também adorei os passeios pela cidade na companhia da Irina Camões e do Artur Jorge... Assim, fiquei a conhecer um pouco melhor a encantadora cidade do Mindelo.

Santo Antão

Com a minha mochila às costas, apanhei um barco para a ilha das montanhas. Nessa viagem, que demorou quase nada, coloquei-me na pele das “Lobas do Mar”. Sentia os meus pés a caminharem em cima das águas salgadas, em perfeita sintonia com os seres do mar. Quando cheguei à cidade do Porto Novo, o sol do meio‑dia ainda não se fazia sentir.

Segui viagem para a vila da Ribeira Grande. Aproveitei para conhecer a Ribeira da Torre, vale da minha colega Elia Monteiro. Fui visitar o cutelo do Paulino Dias, caminhando assim pelo vale e pelas encostas até Fajã Domingas Bentas. A teimosia me levou a calcorrear pela montanha, passando pelo Marrador em direcção ao quase topo da montanha. Bom, no fim da viagem, o mano do Paulino Dias disse‑me: “mais duas vezes, habilitas a ganhar qualquer maratona lá na Praia”.

Na manhã seguinte, segui para o vale do Paul. Nho João de Mari’Guida mostrou-me a fornadja, onde a cana‑de‑açúcar é transformada no conhecido Grogue de Santo Antão. Avistei Pedra das Moças, mas já não tinha pernas para desafiar o declive.

Dias depois, regressei para o Porto Novo. Mesmo com um sol de rachar pedras, não resisti a percorrer pelo centro da cidade. Depois de ter completado o meu plano de trabalho e de ter saciado as minhas curiosidades turísticas, seguir para a ilha do Porto Grande. Dessa vez, o mar portou-se mal, muito mal. A ventania e os valentes solavancos estiveram presentes durante toda a viagem.

Campanhas Eleitorais

Em Cabo Verde, os períodos eleitorais são marcados por muita festa, envolvendo a tensão que acompanha os actos eleitorais. Apesar de alguns indicadores que pouco dignificam a qualidade da democracia nas ilhas e de alguns incidentes aqui e acolá, não é nunca demais realçar o “bom comportamento” dos sujeitos políticos e do povo, nomeadamente durante os dias quentes das campanhas eleitorais. Quem está fora do jogo político, vive os períodos eleitorais com maior descontracção e aproveita para melhorar o seu stock de risadas. No meu caso, para além da recolha empírica, aproveito os períodos eleitorais para visitar as ilhas e conhecer outras gentes. Nestas eleições autárquicas, embora por pouco tempo, tive a oportunidade de visitar as ilhas de Santo Antão, São Vicente e Santiago. Aproveitei para saudar @s velh@s amig@s e fazer nov@s amig@s.


Frase do dia... da semana ... do ano... do século...

«Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.» - Eça de Queiroz.

 
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