Quebra-cabeça


“Qual é a coisa qual é ela que ninguém ou quase ninguém ousa dizer (denunciar, no verdadeiro sentido da palavra…), mas todos murmuramos?”

Despertar a Cultura (subscrevo!)


Esta semana, foi criado o movimento “Amig@s da Cultura”, tendo apresentado publicamente um manifesto Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!, contando já com mais de 400 subscritor@s com interesses pela cultura. Durante esta primeira semana de manifestação pública, o movimento tem descortinado o palco nefasto da política cultural municipal, acobertada pelo manto folclórico e pela enferrujada garganta da tuna camarária.

O manifesto deixa claro que: “Coimbra é hoje uma cidade amarfanhada do ponto de vista cultural, que só não se tornou absolutamente insignificante a nível nacional graças à actividade que, no limiar da sobrevivência, os poucos agentes culturais que ainda restam conseguem ir desenvolvendo. A Câmara Municipal já não se limita a não apoiar devidamente a actividade cultural que aqui é feita; assume-se, pelo contrário, como um elemento dificultador e tendencialmente destruidor do potencial de criação artística que a cidade possui e que é uma das suas principais mais-valias”.


Quero o Mondego

Sou cabo-verdiana, filha do mar. Estou em Coimbra há pouco mais de sete anos. Na Universidade de Coimbra, fiz a minha Licenciatura e o meu Mestrado em Sociologia. Neste momento, estou a remar para a Sala dos Capelos. Estou nesta cidade pelo desejo de estar e quero sentir o prazer de estar aqui. Coimbra também tem um pouco de mim: os meus sonhos, as minhas saudades, as minhas angústias... E eu carrego a marca de dias passados em Coimbra.

Confesso que, nesta Cidade de Encarnação, os meus dias tardam a passar. Em vez de apenas lamentar as saudades de a cultura d’terra, gostaria de tatuar-me de a cultura d’mondego. Quero sonhar e amar em Coimbra, afinal esta é a cidade dos amores (aqui jaz Pedro e Inês). Quero ter uma estória d’coimbra para contar aos/às meus/minhas netos/as. Embora sendo uma “passageira em trânsito”, quero ser uma cidadã nesta cidade e tenho o direito de respirar a cultura! Não quero culpar a ninguém (muito menos ao pobre do Carlos Encarnação) pelas minhas futuras depressões pós-tese. Pois não, irmão da prometida “Europa”?! Então, deixa a cultura flutuar!...

Celas, 26 de Janeiro de 2008
Eurídice
……………………

Ponto de Situação (4 de Fev)

"Pelo direito à cultura e pelo dever de cultura!" já conta com mais de 900 subscritores. Este manifesto não tem passado despercebido para a imprensa portuguesa (tanto a nível local, como a nível nacional). Ainda tem surgido muitos textos de opinião, bem como reacções na blogosfera (“Amig@s da Cultura” conta com o apoio de 50 blogs), sobre essa iniciativa pela cultura. Tendo por objectivo alargar a discussão pública sobre a política cultural em Coimbra, também já se encontra disponível um conjunto de depoimentos pessoais de subscritores do texto. Por tudo isso e pelo esperado debate aberto do dia 20 de Fevereiro, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), pelas 17h, ninguém pode ignorar o êxito desta iniciativa.

O Homem-Golo


(parabéns ao Eusébio pelos 66 anitos)

Heath Ledger

Nasceu a 4 de Abril de 1979 (Perth-Western Australia-Australia).
Morreu no dia 22 de Janeiro de 2008 (Manhattan-New York-USA).

Viviane (...e a Igreja de São Tiago)


Viviane de Melo Resende chegou no início do Outono, com a intenção de passar três meses em Coimbra. Veio do Brasil para escrever uma parte da sua tese, tendo como interesse de estudo a análise crítica do discurso e a etnografia na problematização do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, no contexto brasileiro, e como supervisora a linguista Clara Keating. Tem vindo a desenvolver o seu trabalho académico no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Linguagem e Sociedade, na Universidade de Brasília, onde lecciona, tendo já uma pequena vasta produção nesta área de investigação.

Passando para outros registos, que evidentemente são importantes também para compreender os percursos académicos, vou relatar um pouco a passagem da Viviane pela Universidade de Coimbra. Nos primeiros dias da sua estadia em Coimbra, ela estava um pouco triste. Porém, gostava de ver o fumo das assadas de castanhas, na Praça 8 de Maio. Também passava horas a escutar músicas latinas para encurtar a distância

Acabou o Outono, chegou o Inverno. As chuvas e o frio; o quarto quentinho e a preguiça de sair de casa. No meio desse clima pálido, conheci a Viviane, que tinha já conhecido o Pablo (um outro latino perdido nos muros da académica coimbrã… chileno). Almoçávamos no lugar de sempre, tomávamos um cafezinho num bar qualquer e, depois, regressávamos para a labuta.

Um dia, fugimos dos olhos do Pablo e aproveitamos para fazer uma pequena visita à Baixa de Coimbra. Gostei da passeata do Mosteiro de Santa Cruz até a Sé Velha. Primeiro, entramos no Mosteiro de Santa Cruz, fundado em 1131, onde se encontram sepultados os dois primeiros reis de Portugal (D. Afonso Henriques e D. Sancho I). Pois, a cumplicidade entre a igreja e a monarquia...

Seguimos para a Rua Ferreira Borges, decidimos entrar no Café Nicola de Coimbra (um dos vários cafés espalhados nesta rua). Pedi um chá de tília e um pastel de natas; a Viviane apontou-se para o bolinho de bacalhau, preferindo também um descafeinado. Depois de repor as energias, descemos por uma curta escadaria lateral e confessei os meus pecados na Igreja de São Tiago, um templo românico do último quartel do séc. XII, que marcava, em Coimbra, o “Caminho de Santiago” (portanto, a peregrinação até Santiago de Compostela). Confesso também que, desde que estou em Coimbra, era a primeira vez que tinha entrado naquela igreja. Tinha passado vários anos fechada, porque estava a ser remodelada. Saí da Igreja de São Tiago como se tivesse lavado a alma.

Entramos através do Arco de Almedina e subimos pelas escadinhas do Quebra Costas até até a Sé Velha, construída depois da Batalha de Ourique (1139), quando Afonso Henriques se declarou como sendo o rei de Portugal, tendo escolhido Coimbra como a capital do reino. Na Sé Velha, encontra-se sepultado D. Sesnando (Conde de Coimbra).

Amílcar Cabral

(12 de Setembro de 1924 - 20 de Janeiro de 1973)
20 de Janeiro - Dia dos Heróis Nacionais



10 petalas ki ta boia-nu
(pa louva Kabu Verdi i ses Erois)


Es fla-m bo e restu
lama dedus nhor Deus
na meiu di Atlantiku spadjadu
frutu sakudidela
na fin di trabadju

Es fla-m bu ka ten apelidu
pa ba ta npalia
vizinhu nprista-bu di sel
dja ten tantus sekulu
ki di bo dja bu skese ranja
konfortadu ku nomi trokoladu

Es fla-m Deus di Ventu
ku Kes Otu makumunadu
na sul di Djabraba ta ragatxa
txuba pa ta tadja
di beija-bu manenti

Es fla-m txeu di nos rais
fuliadu li kontra vontadi
na sekulus butuperiu
skapa pa unha gatu
di noitis sen katxupa
sen rezervas i sen ramus
nen mons amigu

Es fla-m un monti kusas
sabi i ka sabi
dretu i tortu
tudu na kurason es baza-m

Es fla-m bo ke di nos
kunpadru ku suor i sangi
dor i speransa
i ku ponta txopu
sustedu pa nos Erois

N subi na seu
N odja Europa i Afrika
N dixi na txon
N anda Amerika i Azia
N ka kapri bu sodadi
N dizisti di Kanguru i Konpanhia
ka bale pena mas andansas
nha kurason e so pa bo
10 petalas ki ta boia-nu

Marsianu nha Ida padri Nikulau Ferera

Mito Elias (no Mindelo)

As Cheias em Moçambique

Na noite passada, vesti a pele de uma jovem aventureira, que decidiu acompanhar uma equipa de assistência humanitária para uma missão em Moçambique. No início da madrugada, desembarquei-me na cidade de Maputo, antiga Lourenço Marques. O André estava já à minha espera no aeroporto da capital do país. A Dénise Bruna e a Sofia António esperavam por mim na esquina de uma pensão, onde estavam instalados elementos da Cruz Vermelha Moçambicana. Dormi um pouco...

Depois de um chá quentinho, saímos em equipa para verificar os estragos provocados pelas fortes chuvas, que, desde finais do ano passado, têm atingido o centro e o sul de Moçambique, tendo já provocado mortes, destruído habitações e levado a população à beira do desespero. No meio dessa aflição, ainda tem surgido inúmeros casos relativos à violação sexual de mulheres e de crianças, nomeadamente nos centros de acomodação. Entre as onze províncias de Moçambique (Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Manica, Sofala, Gaza, Inhambane, Maputo e a cidade de Maputo), Tete e Sofala estavam com alerta vermelho por causa das terríveis inundações.

Imediatamente, seguimos para a cidade de Tete. A subida do rio Zambeze ameaçava esta cidade, no centro de Moçambique. O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades tentava consolar a população local, afirmando que a situação estava controlada, embora a baixa da cidade (junto ao leito do rio) continuava em risco. A rádio comunitária informava que as sucessivas descargas efectuadas pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa tinham provocado a subida do rio Zambeze, acrescentando que o excessivo enchimento da represa desta barragem devido às chuvas intensas que caíram nos países vizinhos (Malawi, Zimbabué e Zâmbia) tinham levado à abertura progressiva das comportas do empreendimento.

Não sei como, em pouco tempo, estávamos na Beira (capital de Sofala), onde o rio Búzi tinha já atingido os picos altos, estando apenas o rio Save com alguma margem de manobra. O Domingos Solo e o Leonel Mosso levaram-nos aos centros de acomodação para analisar as condições logísticas e diagnosticar a situação das famílias que foram acolhidas. Soubemos que muitas pessoas resgatadas das zonas de risco na bacia do Púnguè regressaram para a machamba, correndo riscos de vida.

Pouco depois, quando começava a pensar na minha viagem à África Austral num verão poeirento, ouvi o meu despertador. Acordei. Foi apenas um sonho!... Liguei a RDP-África, que, infelizmente, confirmou-me que as cheias tinham chegado à Moçambique, este ano mais cedo e com uma força indesejada.

Academia (as teses mais aguardadas!)

Cidades-Porto

Na passada segunda-feira, dia 7 de Janeiro, fui até a Universidade Nova de Lisboa para assistir à defesa da Tese de Doutoramento em História do candidato doutoral António Correia e Silva, intitulada Os Ciclos Históricos da Inserção de Cabo Verde na Economia Atlântica: o Caso das Cidades-Porto (Ribeira Grande e Mindelo), sob a orientação científica do Prof. Doutor José Medeiros Ferreira. A arguente externa foi a Profa. Doutora Maria de Fátima Dias (Universidade dos Açores). A mesa de júri foi presidida pela Profa. Doutora Amélia Andrade. Ainda fizeram parte da mesa de júri o Prof. Doutor Fernando Rosas, o Prof. Doutor Fernando Victor Matos, o Prof. Doutor Fernando José Telo e o Prof. Doutor Fernando António Carvalho.

A presente tese procura compreender o nosso contexto insular, mostrando que por si só a posição geográfica não confere valor estratégico a nenhum país. Numa análise cabo-verdianocentrada e vendo Cabo Verde na linha do “equador náutico”, o Sociólogo e Historiador António Correia e Silva frisou as relações sócio-económicas estabelecidas nas cidades-porto, dando destaque à antiga Ribeira Grande e ao Mindelo. De modo geral, o candidato doutoral procurou compreender a história de Cabo Verde num quadro oceano-atlântico, tentando abrir um campo de reflexão multidisciplinar para uma “Sociologia dos Arquipélagos” e para o fortalecimento da historiografia cabo-verdiana. Como qualquer prova académica, houve momentos de grandes elogios e de críticas em relação ao trabalho realizado. No final da prova, tendo superado os momentos mais árduos, o candidato de origem cabo-verdiana foi aprovado com Distinção e Louvor.


Amílcar Cabral

Nesta sexta-feira, dia 11 de Janeiro, aqui na Universidade de Coimbra, fui assistir à defesa da Tese de Doutoramento em História do candidato doutoral Julião Soares Sousa, intitulada Amílcar Cabral e a Luta pela Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, sob a orientação científica do Prof. Doutor Luís Reis Torgal. Para além da presença sombria dos Reis de Portugal e da moderação do Vice-Reitor da Universidade de Coimbra Prof. Doutor Pedro Manuel Tavares Lopes de Andrade Saraiva, também a arguente externa Profa. Doutora Isabel Castro Henriques (Universidade de Lisboa) e o arguente externo Prof. Doutor José Carlos Venâncio (Universidade da Beira Interior) estiveram de olhos nos olhos do Julião Sousa Soares. Ainda fizeram parte da mesa do júri o Prof. Doutor João Marinho dos Santos, o Prof. Doutor A e a Profa. Doutora B.

Após oito anos de investigação científica, o Historiador e Poeta Julião Soares Sousa entrou pela Sala dos Capelos para debruçar sobre Amílcar Cabral, numa perspectiva africana (ou seja, a partir de dentro). Durante os 150 mn da prova, várias questões foram abordadas, sendo de destacar: a socialização de Amílcar Cabral; o despertar da consciência política de Amílcar Cabral; a vida literária de Amílcar Cabral; o nacionalismo no espaço ex-colonizado por Portugal; o materialismo histórico e o marxismo; o espírito unificador de Cabral; a unidade Guiné e Cabo Verde; a proximidade e as singularidades históricas da Guiné e Cabo Verde; a problemática ideológica; os problemas de liderança enfrentados por Cabral; a dessacralização dos chefes africanos; a actualidade da filosofia política de Amílcar Cabral. Entre as novas pistas de reflexão, foram destacadas nomeadamente a importância de uma análise sobre “as representações, as interpretações e os mitos cabralianos” e sobre “o género na perspectiva de Amílcar Cabral”. Durante a arguição desta prova académica, foram destacados os pontos fortes e fracos do trabalho realizado. No final da prova, tendo respondido às questões colocadas, o candidato de origem guineense foi aprovado com Distinção e Louvor (sendo o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra e o segundo africano a doutorar-se através da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra).

Simone de Beauvoir


Simone de Beauvoir nasceu a 9 de Janeiro de 1908 e morreu a 14 de Abril de 1986, na sua terra natal (Paris, França). Apesar de ter sido filha de uma família burguesa, afastou-se do reino inventado pela burguesia, preferindo adoptar um estilo de vida mais humilde. Teve um percurso académico brilhante, tendo conquistado sempre as melhores classificações.

Ficou conhecida como filósofa existencialista, escritora e feminista. Na sua obra, destaco o livro O Segundo Sexo (1949), onde Simone de Beauvoir analisa o papel das mulheres na sociedade, afirmando que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Esta constatação marcou a sua geração profundamente, tendo influenciado a segunda vaga feminista (entre a década de sessenta e oitenta).

No ano de 1929, na Sorbonne (antiga Universidade de Paris), conheceu o seu Jean-Paul Sartre (filósofo francês). A vida amorosa de Simone e Sartre ficou marcada por “uma relação aberta”, incluindo experiências amorosas com terceiros. Ambos ostentavam as suas liberdades individuais, defendendo também uma vida conjugal saudável.

Neste centenário da Simone de Beauvoir, as mais conceituadas feministas internacionais prestam homenagem à ícone do feminismo, sendo de destacar: Élisabeth Badinter e Julia Kristeva. Ainda, em Paris, entre 9 e 11 deste mês, decorrerá um Colóquio Internacional, intitulado Centenário do Nascimento de Simone de Beauvoir, organizado pela Julia Kristeva.

2008... com oito coisas banais


Nunca acreditei em superstições, mas não custa nada levar em consideração o calendário chinês, que considera oito como sendo um número com muita carga positiva. Por isso, esperei por esse dia para desejar a tod@s um feliz 2008, com oito coisas banais: saúde, sossego, cordialidade, sorrisos, fantasias, música, poesia e amor.

São Miguel

(Flamengos e Calheta, 25 de Dezembro de 2007)

Depois da ceia de Natal em Assomada, de conviver com uma boa parte da minha família paterna, de rever @s velh@s amig@s e do resfriado febril, acordei e segui viagem para o concelho de São Miguel. Antes fiz uma pausa em Flamengos. Andei um pouco, conversei com um senhor da povoação e fiz pequenas anotações. Em seguida, fui até a residência de Figuinho Freire. O meu amigo Filomeno ainda não tinha chegado. Esperei um pouco... Pouco depois, ouvi a voz do Filomeno... Conversei com Figuinho Freire, aproveitando para fazer perguntas sobre antigamente. Não quis recusar o almoço, mas facilmente encontrei uma justificação plausível: “é Natal, a família está à minha espera”.

Com os pés na estrada, continuei a minha viagem e, perto do meio-dia, pisei na minha Calheta. Dei uns beijinhos numas amigas (especialmente, a minha velha amiga Txuka d’Apunina), antes de retomar o caminho de casa. Quando coloquei os pés em casa, o almoço já estava pronto e a família residente na capital estava presente. Faltavam a mamãi Dinora e o papai Yoto, os pilares da família. Queria ver o papai a escutar o Luís Morais, usando o velho gira-discos; queria saborear o doce d’papaia da mamai, feito três dias antes da noite de Natal... Ninguém dizia-me nada! Silêncio apenas... Depois do almoço, a casa esvaziou-se. Começou a pairar um profundo silêncio, maior do que o mar que estava à minha vista. Entrei pelos quartos, abri os armários, fui ao quintal... Apercebi-me de que a casa estava vazia. Fui à varanda, estiquei-me para ver o Porto e caiu sobre mim o vazio: já nem tinha o avô Raúl, o meu último samorai...

De repente, o meu mano Lindo regressou de um curto passeio para retomar o seu papel de protagonista do filme: Sozinho em Casa. E arrumei a minha mochila, embora pouco segura de que tinha energias para continuar a viagem...

Santa Catarina

(Assomada, 24 de Dezembro de 2007)

No dia 24 de Dezembro, estava ainda indecisa quanto ao local onde ia passar a noite de natal. A minha prima Janine apresentou uma lista de argumentos a favor de uma noite de natal em Assomada. A Chuna acrescentou mais argumentos, realçando que quase toda a malta do Liceu estava em Assomada: Gi, Ed, Gaby, Gerson, Filó, Elsio, Ângelo, Pija, Wilson, Jiverson, Belo e Ivandro. Claro, também: a Chuna, a Janine e eu. Então, tomei a minha decisão, pensando em Assomada Nocturna de N’Ze di Sant’y ÁGu. E, pouco depois, a Chuna disse-me: “o Marco já voltou”. E eu: “o Marco está aonde?”... Fomos ao encontro do Marco Paulo Varela. E lá estavam mais outros colegas do Liceu, incluindo o Ivandro Pires, no futebol de sempre. Antes de relatar o meu reencontro com o Marco e o Ivandro, vou voltar para o nosso primeiro encontro.

Numa manhã qualquer de Outono, quando caminhava para o antigo Liceu de Santa Catarina (actualmente, designado por Liceu Amílcar Cabral), vi aquele rapaz delgado seguir ao lado de um outro rapaz mais baixinho. Eram o Marco e o Ivandro. Passando meses, recebi uma convocatória do Já Pixoka para a participação numa reunião, no salão do Liceu. Fui para a tal reunião. Quando lá cheguei, encontrei o Marco e o Ivandro. Estavam a falar na criação da Comissão de Finalistas 2000. Da minha turma (11º ano, Es3), o Já Pixoka e a Eneida estavam por dentro do assunto. No final da reunião, mais oito pessoas da turma aceitaram fazer parte da Comissão (Janine, Geórgeth, Chuna, Belo, Carla, Wilson, Elsa e eu). O Já Pixoka e a Eneida não continuaram até ao fim, porque enfrentaram outros desafios e obstáculos. Havia também colegas de Es1 (Ângelo, Quim e Chido), de H2 (Marco) e de Ct3 (Ivandro, Gy, Jiverson e Zema). No final da caminhada, éramos cerca de 15 membros: Marcos, Ivandro, Janine, Jiverson, Geórgeth, Zema, Chuna, Belo, Carla, Wilson, Quim, Ângelo, Elsa, Chido e eu. Na Comissão, não havia hierarquia. Cada membro tinha a sua função.

Durante dois anos, procuramos dar vida ao Liceu e angariar capital financeiro suficiente para fazer a Grande Festa de Finalistas 2000, com a realização de: actividades culturais, no Museu da Tabanca; Concursos Cultura Geral, no Liceu; matiné dançante, no Tropical. Tínhamos os bolos da Janine, o Dj Wilson, o tesoureiro Jiverson, a modelo Geórgeth, a amizade da Eneida sobrinha do Amândio (sócio nº1 do Tropical), etc. E ainda tínhamos uma espécie de sede: o ZEIJM. O ZEIJM era o ponto de encontro de cinco amigos: Z – Zema; E – Edson; I – Ivandro; J – Jiverson; M - Marco. Como quatro dos sócios do ZEIJM faziam parte da Comissão, não foi difícil transformá-lo na nossa sede.

O ZEIJM era uma casa muito escura, onde podíamos reunir. Lembro-me que, a casa pertencia a um imigrante irmão do Zema, havia Whisky numa estante também escura e os miúdos da Comissão gostavam de sentar no sofá do meio da sala com copos à frente. Como tudo era escuro (nem havia luz eléctrica, apenas um motor raramente usado), o ZEIJM era um bom espaço para namoricos. É pena que não havia casais na Comissão. Apenas grupinhos de amigos: Jiverson e Zema; Carla e Elsa; Belo e Wilson; Janine, Geórgeth e Chuna; Quim, Ângelo e Chido; Marcos, Ivandro e eu. Foram dois anos de intensa amizade e múltiplas cumplicidades.

Hoje, ao desfolhar o meu diário cor-de-rosa, relembrei-me de coisas incríveis que escrevi sobre o Marco e o Ivandro: “Marco, meu melhor amigo. Aquele que mudou o ritmo dos meus dias […]. Ivandro, meu tio (prefiro dizer: meu primo) e meu grande amigo. Amigo de todos os momentos”. Também apalpei as letras do Marco e do Ivandro, gravadas no meu diário. E esses versos com a cara dos tempos do Liceu (!): “(…) Na tua parte negativa / há algo que me cativa!” (Marco); “a mais doce de todas as doçuras da vida é a amizade” (Ivandro) (27/12/1999). Lembro-me desse dia. Estávamos a preparar a festa da passagem para o ano 2000, organizada pela Comissão de Finalista 2000 e pelo Grupo Black Street. Havia boatos de que o mundo estava prestes a desmoronar-se. Num passo de magia ou de tormento, tudo ia terminar. Então, pela via das dúvidas, decidimos reunir a malta amiga para passarmos juntos a chegada ou não do desejado/temível ano 2000. Na altura, uma boa parte das miúdas da Comissão era virgem. Daí aquele suspense (!): “será que Deus é tão mau para nos deixar morrer virgens?!”

Lembro-me como se fosse ontem de quando regressei para Calheta, levando todas as minhas malas e caixas de livros. Ou seja, toda a minha tralha de estudante. Foi no dia 22 de Julho de 2000, tinha terminado a época das Provas de Acesso ao Ensino Superior. Ainda tenho registado a dor que senti ao deixar Assomada, após dois anos de estudo, amizade e namoricos. A minha dor era maior quando pensava no Marco e no Ivandro: já não podíamos passar horas e horas a jogar conversa fora, a planear fugas colectivas para o interior da ilha, a sonhar com o futuro que nos era distante, etc. Meses depois, no dia 10 de Novembro, fui despedir-me d@s amig@s, porque ia seguir para Coimbra. E, pela primeira vez, vi três pernas de lágrimas deslizarem pela cara do Marco e um sorriso triste na cara do Ivandro. Um ano depois, o Marco foi para São Paulo, frequentar o curso de Ciências Sociais. O Ivandro ficou no país, matriculado numa instituição de Ensino Superior. Anos mais tarde, reunimos no Hi5. Sete anos depois, conseguimos estar juntos no mesmo espaço real. Assim, ganhei o Natal...

São Domingos

(Rui Vaz, 18 de Dezembro de 2007)

Ao sabor do vento, eu e o Lino trepamos as montanhas à procura de um amigo (diga-se de passagem, quase velho amigo, se não fosse a miudeza dos dias). Quando chegamos, o velho amigo estava à nossa espera, cheia de coisas para contar e de risadas para aquecer o clima. Tínhamos o horizonte nas nossas mãos. Depois do almoço, a deliciosa sobremesa “Romeu e Julieta” determinou o rumo da conversa. Pedido feito (!): da próxima, Eurídice e Orfeu...

Quando descemos, falando em Fajã Domingas Bentas, lembrei-me das palavras e das imagens com vida de Gentes das Ilhas de Paulino Dias. No fim da aventura das montanhas, guardei o verde, o sorriso e a amizade.

São Salvador do Mundo

(Picos, 24 de Dezembro de 2007)

Na manhã do dia 24 de Dezembro, tinha uma reunião no concelho de São Salvador do Mundo. Acordei cedo, fui buscar uma documentação em Achada Santo António. Em seguida, segui viagem, com mais dois companheiros e com Nhara Santiago de Nhônhô Hopffer. Pouco depois, já estávamos na rotunda da Praceta de Cachéu. Estacionamos à frente da residência da família Barros. Entramos pela sala adentro, enquanto o Victor chamava pela mãe, que se encontrava a preparar o almoço.

O Victor levou-nos para um espaço de pura magia verde: o Pomar de Barros. À sombra de um velho abacateiro (pensei logo no Ondjaki!!!), jogávamos conversa fora e deslizávamos para outros caminhos. De repente, o Victor apareceu com uma garrafa de grogue temperado com erva-doce e xali. Para mim, mandou preparar uma jarra de sumo de limão do Pomar de Barros. Pelo portão semi-aberto, entrou o Jairzinho Pereira, aquecendo a conversa no Pomar de Barros.

No Pomar de Barros, com atenção registei a convivência amigável entre as bananeiras, as goiabeiras, a videira, as laranjeiras, os limoeiros, os tomateiros, os cajueiros, as papaieiras, a cana-de-açúcar, a malagueta, o ananás, etc. Numa das extremidades do Pomar de Barros, vi uma capoeira, onde (no lugar das galinhas) vive um cão: o casper.

Chegada a hora do almoço, surgiu a Dona Titina, trazendo os cheiros da cozinha. Na mesa, estava à nossa espera um almoço típico: massa d’milho e xerém d’milho. Tudo preparado à lenha. Sobremesa: doce d’papaia do Pomar de Barros. Com barriga farta, saímos da sala de jantar e fomos espreitar a paisagem natural: os vales, as montanhas e o nevoeiro. Até apetecia-me beber o cálice da montanha e redesenhar o relevo em versos.

Regressando para o Pomar de Barros, por Decreto-Lei nº ---/---, de 24 de Dezembro, fundamos a República de Cachéu. No acto da tomada de posse da Comissão de Representantes do Povo da República de Cachéu, um indivíduo do povo ergueu-se a voz e disse: “estamos aqui presentes para comemorar a fundação da República de Cachéu. A República de Cachéu ainda é uma criança, acabou de nascer. Mas pensa em grande (…palmas…). Em Cachéu abundam jovens com formação superior, como comprova a enorme lista de diplomas estampados na Praceta de Cachéu. Até podia dizer que Cachéu é um dos cutelos mais letrados destas bandas. Inclusive, temos um Historiador em cada esquina: Victor Semedo, Victor de Barros, Nuno (esqueci-me do apelido), etc. E, aqui perto, em Chão de Taberna, temos o Jairzinho Pereira. Portanto, minhas senhoras e meus senhores, temos Historiadores. E, com a fundação da República de Cachéu, inventamos um facto.”

Ribeira Grande de Santiago

(Cidade Velha, 17 de Dezembro de 2007)

Cidade Velha ficou conhecida como a primeira cidade construída pelos portugueses no além-mar. Também foi a primeira capital do arquipélago de Cabo Verde, com a designação de Ribeira Grande, tendo sido marcada pelo tráfico negreiro. Hoje, a marca mais gritante dos dias de sofrimentos na antiga Ribeira Grande é o Pelourinho, fixado no centro desta antiga capital.

Para além da curta estadia do Padre António Vieira, as fontes evidenciam registos da passagem de Vasco da Gama, na sua viagem à Índia, e de Cristóvão Colombo, na sua terceira viagem à América, pelo porto da antiga Ribeira Grande. Nesta antiga cidade-porto, candidata a Património Histórico da Humanidade, encontram-se ainda: a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a mais antiga igreja colonial do mundo; as ruínas da Sé Catedral; a Fortaleza Real de São Filipe, preparado para defender a antiga colónia portuguesa de ataques dos piratas franceses e ingleses.

Com todo o seu peso cultural e tendo o pôr-do-sol como cenário, rabisquei um poema sobre “Cidade Velha. Enquanto imaginava meia dúzia de versos, não conseguia tirar da minha cabeça o primeiro tema de Trás di Son, um projecto organizado pelo músico cabo-verdiano Djinho Barbosa.


un batuku xatiadu si

ka por si
ki mi n’naci negru
n´fazedu scrabu
n´ganadu mar
mi goci djan ganha

(…)


Este tema dedicado à ilha maior, Santiago, simboliza o grito de liberdade do povo das ilhas, que passaram 500 longos anos sob o regime colonial, fazendo referência também às tradições migratórias cabo-verdianas.

Ainda aproveitei o sossego da noite na Cidade Velha para ninar as ondas, que, na minha presença, não ofereceram resistência. E, sentada na areia negra da praia, contei estórias para as estrelas sobre as ondas que respiravam a dor do silêncio.

Cidade Velha: outrora, porto da sujeição; hoje, berço de memórias...

Cidade da Praia

(Praia, 28 de Dezembro de 2007)

Cheguei a tempo de assistir à apresentação do álbum Badyo de Mario Lúcio. Podia escrever tantas palavras para descrever a minha tamanha emoção aquando da apresentação do novo álbum deste artista badyo. Porém, prefiro apenas recordar a magia do silêncio que circundava o Farol da Praia, o som das ondas no fundo da noite, o cair do milho no balaio da dona que desconheço o nome e a contagiante melodia do Mário Lúcio. Também registei com muito agrado o facto do Mário Lúcio ter convidado dois dos seus amigos para a apresentação do álbum: António Correia e Silva (Sociólogo e Historiador); Djinho Barbosa (músico).

O meu desejo de abraçar a cultura d’terra era tanto, que fui a tempo de espreitar a exposição Entre o Trabalho e o Sonho do jovem das montanhas Bento Oliveira, na Reitoria da Universidade de Cabo Verde. Não podia deixar de espionar, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, a exposição das obras que participaram no “IV Concurso Jovens Pintores”, patrocinado pela Companhia de Seguros Garantia.

A minha paixão pela leitura me levou até a Biblioteca Nacional para assistir à apresentação do novo livro da Vera Duarte, intitulada Construindo a Utopia, apresentada por Manuel Faustino e pela Cristina Fontes. Ainda, na Biblioteca Nacional, tive a oportunidade de assistir à apresentação do livro de Jeremias Dias Furtado, que incide sobre a Regulação dos Transportes Rodoviários no Desenvolvimento Sócio-económico e na Integração Cultural. Confesso que após as palavras iniciais do Gabriel Fernandes (Sociólogo), fiquei com sede na boca e só queria mergulhar pelas estradas projectadas em linhas filosóficas por Jeremias Dias Furtado.

A minha vontade de conhecer mais jovens com interesses pela investigação científica me levou até a Reitoria da Universidade de Cabo Verde, com a finalidade de participar no II EJIC, que foi um encontro de partilha de ideias e de emoções, de críticas e de solidariedade académica. Como tive a possibilidade de constatar, o II EJIC foi um encontro que estendeu-se para além dos três dias. No meu caso, colhi boas frutas. Estive com a Maria do Rosário Varela e a Arlinda Cabral. Abracei os meus irmãos de Coimbra: Odair Varela e Victor de Barros. Murmurei sobre o novo estilo demasiado desportivo do Jairzinho Pereira, o nosso menino rebelde d´Helsínquia. Sintonizei com a Ivone Centeio e o Gaudino Cardoso. Gostei de saber que o Mário Carvalho é irmão do Francisco Carvalho. Chamei Kaka (nome do meu pai e de quase todos os Carlos) ao Carlos Tavares. O Suzano Costa exaltou-se comigo, mas acredito que foi por um simples equívoco. Para além do Cecílio Pires, cruzei-me com mais jovens de São Miguel com interesses pela investigação científica: Clementina Furtado e João Semedo. Fiquei maravilhada com as investigações da Celeste Fortes e da Maria Verúcia de Souza (mais duas problematizadoras da situação das mulheres cabo-verdianas). Bebi das reflexões do Daniel Costa, abrindo focos para futuros debates. Gostei da intervenção da Ivete Ferreira, na sequência da minha apresentação. Simpatizei-me com a Vera Alfama, a Sónia Silva Victória, a Graça Sanches, o Júlio Rocha Delgado, o António Baptista e o Elias Moniz. Belisquei o Rui Freitas, quando este falava da língua cabo-verdiana, brincando que a variante de São Vicente é mais deliciosa do que a variante de Santiago. Projectei conversas de cafés com o Milton Paiva e o João Dono. Ganhei nov@s amig@s: Jorge Brito Neves, Sá Nogueira, Aguinaldo Monteiro e Danilson Barros. Gostei de ter convivido com os demais participantes no encontro. E ainda fiquei sensibilizada no segundo dia do II EJIC, quando o Danilson perguntou-me se eu tinha de regressar à Calheta no fim do dia. Respondi: “sim”. E ele virou para mim e disse: “se quiseres podes ficar na casa da minha irmã. Ela não está no país e podes lá ficar até amanhã (ou seja, até ao final do II EJIC)”. Gostei do gesto e da sinceridade no olhar deste doce menino d’Praia. Juro que se não tivesse um esconderijo na capital, eu aceitaria o agasalho do Danilson (Dany, obrigada pelo gesto e pela preocupação!).

Gostei das delícias nos cobiçados recantos da capital: Quintal da Música (pela musicalidade e magia), Noz África (pelo paladar africano), K (pela presença do mar)... Após as escapadelas de fim-de-tarde e das programações de início da noite, nada saciou as minhas saudades como a vista sobre a praia de Quebra Canela a partir da Cruz do Papa. Foi ali que sacudi as minhas asas ao sabor do luar.

Na Kapital, conheci pessoas bonitas, muitas da blogesfera berdiana. Gostei de arriscar a pista pelas mãos do Tide, o meu mais recente primo (ciberdescoberta!). Depois fomos com a turma do II EJIC para o Max Club, mas não gostei. Peço desculpas a tod@s por não ter tido a paciência de ficar até mais tarde. O ar estava muito abafado e havia muita gente em tão compacto espaço. Pior, eu não tenho tanta paciência para aturar música bué de alta nos meus ouvidos, miúdos transpirados a tentarem encostar a cabecinha na minha, inspirações de semi-embriagados, etc. Enfim, ainda bem que, de quando em vez, alguém me desvia para outros sítios.

Santiago (depois)

(Lisboa, 29 de Dezembro de 2007)

No cambar da noite de sábado do passado dia 8 de Dezembro, apanhei um avião no Aeroporto da Portela (Lisboa) e, com a minha mochila às costas, segui viagem para a capital cabo-verdiana. Cheguei à cidade da Praia por volta das 2h da madrugada. A cidade estava ainda meio escurecida.

Durante vinte e um dias, estive nos braços de Santiago. Queria dar uma ou outra escapadela, mas as rochas gigantescas prenderam-me na ilha. Assim, sem comprometer os meus compromissos de investigação e as minhas outras escritas, consegui desfrutar de mais dias com Santiago.

Não de lés a lés, estacionei-me nos seguintes concelhos: Praia, Ribeira Grande de Santiago, São Domingos, São Salvador do Mundo, Santa Catarina, Santa Cruz e São Miguel. Entre os nove concelhos de Santiago, só não tive tempo para dizer um olá ao meu ex-professor de Matemática Victor Baesa, em São Lourenço dos Orgãos, e ao José Soares, no Tarrafal. Em Santa Cruz, foi apenas uma curta passagem, pensando no mar e no pôr-do-sol.

II EJIC (Praia, 2007)

Entre os dias 20 a 22 de Dezembro de 2007, na Reitoria da Universidade de Cabo Verde, foi realizado o II Encontro de Jovens Investigador@s Cabo-verdian@s, subordinado ao tema Cabo Verde na Investigação Promovida por Jovens. Na programação para este segundo fórum de intercâmbio académico, encontravam-se inscrit@s cerca de 50 jovens com comunicações, sendo de destacar a participação tanto d@s que se encontram a desenvolver projectos de investigação junto de instituições estrangeiras, como d@s que se encontram ligad@s a instituições nacionais.

A propósito do “Encontro da Praia”, deixo aqui três das minhas preocupações relativamente à actividade científica no nosso país. A minha primeira preocupação prende-se com a difusão do saber científico na nossa sociedade. A minha segunda preocupação refere-se à ecologia dos saberes e, em particular, à valorização dos outros saberes não contemplados pela ciência moderna (nomeadamente os saberes catalogados como sendo tradicionais). E, por fim, a minha terceira preocupação prende-se com a relação entre as línguas e a ecologia dos saberes, destacando o papel da língua cabo-verdiana na produção de saberes. Deixo em aberto as minhas preocupações, querendo encontrar novas pistas de entendimento, particularmente a partir do nosso contexto insular.


Nota de Rodapé

Antes de terminar, aproveito para parabenizar a organização por ter esforçado para que o EJIC não se sucumbisse nas fronteiras da diáspora cabo-verdiana, conseguindo enfrentar o mar largo e chegar até a nossa própria casa. Os meus abraços a aquel@s que participaram no “Encontro de Lisboa”, mas que não estiveram presentes no segundo encontro (em especial, um abraço bem forte para @s restantes membros do “Grupo de Cabo Verde em Coimbra”: Katia Cardoso, Carlos Elias Barbosa, Clara Spencer…; e ao Juscelino Almeida Dias, actualmente entre Lisboa e Paris). De resto não posso deixar de dizer que estou já com saudades dos miminhos d@s velh@s amig@s/colegas e d@s nov@s amig@s/colegas, adquirid@s no “Encontro da Praia”.

 
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