um convite muito especial

Falta apenas uma semana

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Vou para o arquipélago da paixão. Brevemente, deixarei neste meu esconderijo um convite muito especial para a blogosfera berdiana. De momento, entre um chá e uma barra de chocolate, anoto no meu bloco as maravilhas do mês de Março.

1. Celebração do Dia da Mulher Cabo-Verdiana;
2. Lançamento do meu livro sobre mulheres na política;
3. Conversa afiada entre e sobre mulheres, dirigida pela Eileen;
4. Teatro no Mindelo, estreia de No Inferno;
5. Três dias de descanso, sozinha em casa, na minha Calheta.
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Guiné-Bissau

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Desde o início do mês de Março, infelizmente não por bons motivos, a Guiné-Bissau tem estado no centro das atenções. As imagens e notícias que chegam desse país são no mínimo para escandalizar o mundo. Durante as duas primeiras semanas de Março, bonito foi ver a forma como a população da Guiné-Bissau e a sua diáspora reagiram perante os trágicos acontecimentos. E agora, Guiné? O optimismo se generaliza.
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três artigos para uma discussão
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Guinée Bissau : Le tribalisme, une fausse piste ! -- Armando Lona
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«Aujourd’hui, toute tentative de forger une liaison entre l’ethnicité et l’instabilité politico-militaire en Guinée‑Bissau relève de la pure légèreté sinon d’une méconnaissance criarde sur les rapports civilo-militaires dans ce petit Etat africain. Par contre, pour nombre d’observateurs, les réseaux de narcotrafiquants pourraient ne pas être étrangers à ces homicides […].» mais aqui.
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Guinée-Bissau : Comment faire d’un drame un avantage ? -- Waly Ndiaye
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«[…]Bref, une certaine complexité des relations entre groupes ethniques, partis politiques et fractions militaires, notamment après la guerre de juin 1998, à laquelle est venu s’ajouter, ces dernières années, l’installation dans le pays des réseaux colombiens et mexicains de trafic de cocaïne, a rendu ce petit pays ingouvernable, malgré l’attention de plus en plus soutenue que lui prête la communauté internationale […].» mais aqui.
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La Guinée Bissau a besoin d’un nouveau leadership politique -- Carlos Cardoso
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«Pambazuka News : Pourquoi, plus de 30 ans après la lutte de libération nationale, l’armée continue d’avoir un poids aussi important dans la vie politique ?
Carlos Cardoso : En grande partie, c’est dû à la force de cet héritage de lutte qui a marqué la société bissau-guinéenne. D’autant plus qu’après l’indépendance, le nouveau pouvoir n’a pas mené les réformes nécessaires pour définir et faire comprendre aux concernés le rôle de l’armée dans un Etat républicain. A cela s’ajoute un opportunisme de la part des politiques qui, voulant rapidement arriver au pouvoir ou se perpétuer au pouvoir, ont toujours essayé de cultiver des compromis avec les forces armées. Dès lors, il s’est développé un contexte où l’armée était devenu un élément central. Les conflits politiques ne se résolvaient pas par la voie pacifique, mais en usant de l’armée comme d’un instrument. Les politiques ont en quelque sorte instrumentalisé l’armée à leurs propres fins. Il y a donc un ensemble de facteurs convergents qui expliquent qu’on en soit arrivé à une situation où l’armée a toujours eu une forte implication dans la politique.
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Pambazuka News : Y a-t-il des éléments de stabilisation pouvant permettre de sortir la Guinée-Bissau de ce cycle de violence ?
Carlos Cardoso : Pour cela, il faut travailler pour un nouveau leadership. Il faut faire prendre conscience aux hommes politiques du fait que la scène politique est un espace d’expression où l’armée n’a pas sa place et que son rôle dans la République est bien défini. Il faut aussi mener des réformes conséquentes pour mettre les anciens combattants en réserve, tout en leur donnant une place reconnue dans la société. Ils ont mené une lutte de libération nationale et une reconnaissance leur est due, de même que des droits doivent leur être reconnus. Cette réforme serait un pas important pour que le leadership politique soit entièrement entre les mains des civils […].» mais aqui.

8 de Março

Corria o ano de 1857. Reza a história que, no dia 8 de Março, 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova York, fizeram uma greve pela redução da jornada de trabalho para dez horas diárias. Depois da descarga policial, as mulheres operárias esconderam-se no interior da fábrica. A polícia e os patrões, por sua vez, fizeram a sua justiça suprema: trancaram as portas da fábrica e atearam fogo. Carbonizadas, morreram elas. No mesmo ano, em Leipzig, na longínqua Alemanha, nascia a Clara. Conhecida por Clara Zetkin, jornalista e militante que dedicou muito à organização do feminismo internacional, tendo sugerido, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Agosto de 1910, em Copenhaga (Dinamarca), a organização de uma manifestação internacional para a promoção do feminismo internacional, com enfoque no direito ao voto. Tal viria a acontecer a 8 de Março de 1911...
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Desde então, a data nunca mais deixou de ser celebrada. E a internacionalização do dia 8 de Março para a celebração das conquistas no que se refere à situação das mulheres foi reconhecida pelas instâncias intergovernamentais. Porém, ainda as mulheres não gozam plenamente dos seus direitos, sendo que, em diversas áreas, continuam a ser discriminadas.
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Direitos das Mulheres e Violências contra as Mulheres
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Os direitos das mulheres são direitos humanos! Paradoxalmente, esta é a frase mais banal, mas também mais significativa, no que se refere às exigências por uma efectivação dos direitos humanos das mulheres. Hoje, muitas pessoas, homens e mulheres, com particular destaque para a camada jovem de áreas mais urbanas ou de países mais desenvolvidos, facilmente justificam que não são partidárias da celebração do Dia Internacional das Mulheres, assentando sobretudo no reconhecimento internacional dos direitos das mulheres, mas infelizmente a situação real em que ainda vive uma quantidade alarmante de mulheres aponta para a necessidade de manter a bandeira erguida. Desde a IV Conferência sobre as Mulheres (1995, Pequim), os governos assumiram o compromisso de assegurar a igualdade entre os homens e as mulheres em doze áreas estratégicas: mulheres e pobreza; educação e formação profissional das mulheres; saúde das mulheres; violência contra as mulheres; mulheres e conflitos armados; actividade económica e produtiva das mulheres; mulheres no poder e na tomada de decisões; mecanismos institucionais para a igualdade e políticas de mainstreaming; direitos humanos das mulheres; mulheres e os meios de comunicação social; contribuição das mulheres para o desenvolvimento sustentável e a defesa do meio ambiente; protecção das raparigas.
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Porém, enquanto escrevo este post, os direitos das mulheres estão a ser violados nos quatro cantos do mundo. Só a título ilustrativo: nas suas casas, as mulheres continuam a enfrentar o drama da violência doméstica, incluído a sua vertente psicológica e a sexual, com um impacto dramático também nas crianças; no ensino, o abandono escolar em muitos países continua a atingir gravemente a camada feminina, sendo possível até encontrar casos em que as alunas grávidas são convidadas pela instituição de ensino secundário a suspenderem as suas matrículas, prejudicando acentuadamente a sua progressão nos estudos e a sua formação; no mercado de trabalho, as mulheres continuam a ser pior remuneradas em comparação com os seus colegas masculinos, muitas vezes preteridas por causa da possibilidade de ocorrência da gravidez ou da tutela de crianças menores (o desequilíbrio entre a responsabilidade maternal e paternal continua a ser visível, mesmo nas camadas com menores vulnerabilidades económicas, mais instruídas ou mais progressistas, acarretando uma ginástica incomparável por parte das mulheres no sentido da conciliação entre a vida familiar e a vida profissional!); nas suas cidades, as mulheres continuam a ser duplamente vítimas da violência urbana, não raras vezes incluindo o abuso sexual; no poder político, as mulheres continuam a enfrentar um conjunto de obstáculos, de estereótipos e de discriminações, mostrando como ainda custa o pleno exercício da sua cidadania; dentro e além fronteiras, as mulheres continuam a ser traficadas para fins de prostituição, etc. Portanto, ainda o 8 de Março faz todo sentido!

Silhueta desventurada

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Sou a sombra de um corpo que não existe
Sou o choro desesperado
Sou o eco de um grito articulado
Numa garganta sem forças
Sou um ponto no infinito
Silhueta da desventura
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…….Perdida neste espaço
Vagueando...finjo existir
Insistem chamar-me criança
E eu insisto ser
…….A esperança do incerto
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O meu tantã é de outros tempos
A melodia que oiço
É o crepitar de chamas
Confundindo-se com o roncar da fome
E o chão onde piso
É uma ilha de fogo
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A minha nuvem é a fumaça
Da bala disparada
………...Gotas salgadas orvalham
O meu pequeno rosto
Enquanto choro
Na esperança do incerto
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Odete Semedo (natural de Bissau)

 
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