Corria o ano de 1857. Reza a história que, no dia 8 de Março, 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton, em Nova York, fizeram uma greve pela redução da jornada de trabalho para dez horas diárias. Depois da descarga policial, as mulheres operárias esconderam-se no interior da fábrica. A polícia e os patrões, por sua vez, fizeram a sua justiça suprema: trancaram as portas da fábrica e atearam fogo. Carbonizadas, morreram elas. No mesmo ano, em Leipzig, na longínqua Alemanha, nascia a Clara. Conhecida por Clara Zetkin, jornalista e militante que dedicou muito à organização do feminismo internacional, tendo sugerido, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Agosto de 1910, em Copenhaga (Dinamarca), a organização de uma manifestação internacional para a promoção do feminismo internacional, com enfoque no direito ao voto. Tal viria a acontecer a 8 de Março de 1911...
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Desde então, a data nunca mais deixou de ser celebrada. E a internacionalização do dia 8 de Março para a celebração das conquistas no que se refere à situação das mulheres foi reconhecida pelas instâncias intergovernamentais. Porém, ainda as mulheres não gozam plenamente dos seus direitos, sendo que, em diversas áreas, continuam a ser discriminadas.
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Direitos das Mulheres e Violências contra as Mulheres
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Os direitos das mulheres são direitos humanos! Paradoxalmente, esta é a frase mais banal, mas também mais significativa, no que se refere às exigências por uma efectivação dos direitos humanos das mulheres. Hoje, muitas pessoas, homens e mulheres, com particular destaque para a camada jovem de áreas mais urbanas ou de países mais desenvolvidos, facilmente justificam que não são partidárias da celebração do Dia Internacional das Mulheres, assentando sobretudo no reconhecimento internacional dos direitos das mulheres, mas infelizmente a situação real em que ainda vive uma quantidade alarmante de mulheres aponta para a necessidade de manter a bandeira erguida. Desde a IV Conferência sobre as Mulheres (1995, Pequim), os governos assumiram o compromisso de assegurar a igualdade entre os homens e as mulheres em doze áreas estratégicas: mulheres e pobreza; educação e formação profissional das mulheres; saúde das mulheres; violência contra as mulheres; mulheres e conflitos armados; actividade económica e produtiva das mulheres; mulheres no poder e na tomada de decisões; mecanismos institucionais para a igualdade e políticas de mainstreaming; direitos humanos das mulheres; mulheres e os meios de comunicação social; contribuição das mulheres para o desenvolvimento sustentável e a defesa do meio ambiente; protecção das raparigas.
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Porém, enquanto escrevo este post, os direitos das mulheres estão a ser violados nos quatro cantos do mundo. Só a título ilustrativo: nas suas casas, as mulheres continuam a enfrentar o drama da violência doméstica, incluído a sua vertente psicológica e a sexual, com um impacto dramático também nas crianças; no ensino, o abandono escolar em muitos países continua a atingir gravemente a camada feminina, sendo possível até encontrar casos em que as alunas grávidas são convidadas pela instituição de ensino secundário a suspenderem as suas matrículas, prejudicando acentuadamente a sua progressão nos estudos e a sua formação; no mercado de trabalho, as mulheres continuam a ser pior remuneradas em comparação com os seus colegas masculinos, muitas vezes preteridas por causa da possibilidade de ocorrência da gravidez ou da tutela de crianças menores (o desequilíbrio entre a responsabilidade maternal e paternal continua a ser visível, mesmo nas camadas com menores vulnerabilidades económicas, mais instruídas ou mais progressistas, acarretando uma ginástica incomparável por parte das mulheres no sentido da conciliação entre a vida familiar e a vida profissional!); nas suas cidades, as mulheres continuam a ser duplamente vítimas da violência urbana, não raras vezes incluindo o abuso sexual; no poder político, as mulheres continuam a enfrentar um conjunto de obstáculos, de estereótipos e de discriminações, mostrando como ainda custa o pleno exercício da sua cidadania; dentro e além fronteiras, as mulheres continuam a ser traficadas para fins de prostituição, etc. Portanto, ainda o 8 de Março faz todo sentido!
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Direitos das Mulheres e Violências contra as Mulheres
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Os direitos das mulheres são direitos humanos! Paradoxalmente, esta é a frase mais banal, mas também mais significativa, no que se refere às exigências por uma efectivação dos direitos humanos das mulheres. Hoje, muitas pessoas, homens e mulheres, com particular destaque para a camada jovem de áreas mais urbanas ou de países mais desenvolvidos, facilmente justificam que não são partidárias da celebração do Dia Internacional das Mulheres, assentando sobretudo no reconhecimento internacional dos direitos das mulheres, mas infelizmente a situação real em que ainda vive uma quantidade alarmante de mulheres aponta para a necessidade de manter a bandeira erguida. Desde a IV Conferência sobre as Mulheres (1995, Pequim), os governos assumiram o compromisso de assegurar a igualdade entre os homens e as mulheres em doze áreas estratégicas: mulheres e pobreza; educação e formação profissional das mulheres; saúde das mulheres; violência contra as mulheres; mulheres e conflitos armados; actividade económica e produtiva das mulheres; mulheres no poder e na tomada de decisões; mecanismos institucionais para a igualdade e políticas de mainstreaming; direitos humanos das mulheres; mulheres e os meios de comunicação social; contribuição das mulheres para o desenvolvimento sustentável e a defesa do meio ambiente; protecção das raparigas.
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Porém, enquanto escrevo este post, os direitos das mulheres estão a ser violados nos quatro cantos do mundo. Só a título ilustrativo: nas suas casas, as mulheres continuam a enfrentar o drama da violência doméstica, incluído a sua vertente psicológica e a sexual, com um impacto dramático também nas crianças; no ensino, o abandono escolar em muitos países continua a atingir gravemente a camada feminina, sendo possível até encontrar casos em que as alunas grávidas são convidadas pela instituição de ensino secundário a suspenderem as suas matrículas, prejudicando acentuadamente a sua progressão nos estudos e a sua formação; no mercado de trabalho, as mulheres continuam a ser pior remuneradas em comparação com os seus colegas masculinos, muitas vezes preteridas por causa da possibilidade de ocorrência da gravidez ou da tutela de crianças menores (o desequilíbrio entre a responsabilidade maternal e paternal continua a ser visível, mesmo nas camadas com menores vulnerabilidades económicas, mais instruídas ou mais progressistas, acarretando uma ginástica incomparável por parte das mulheres no sentido da conciliação entre a vida familiar e a vida profissional!); nas suas cidades, as mulheres continuam a ser duplamente vítimas da violência urbana, não raras vezes incluindo o abuso sexual; no poder político, as mulheres continuam a enfrentar um conjunto de obstáculos, de estereótipos e de discriminações, mostrando como ainda custa o pleno exercício da sua cidadania; dentro e além fronteiras, as mulheres continuam a ser traficadas para fins de prostituição, etc. Portanto, ainda o 8 de Março faz todo sentido!