Viviane (...e a Igreja de São Tiago)


Viviane de Melo Resende chegou no início do Outono, com a intenção de passar três meses em Coimbra. Veio do Brasil para escrever uma parte da sua tese, tendo como interesse de estudo a análise crítica do discurso e a etnografia na problematização do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, no contexto brasileiro, e como supervisora a linguista Clara Keating. Tem vindo a desenvolver o seu trabalho académico no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Linguagem e Sociedade, na Universidade de Brasília, onde lecciona, tendo já uma pequena vasta produção nesta área de investigação.

Passando para outros registos, que evidentemente são importantes também para compreender os percursos académicos, vou relatar um pouco a passagem da Viviane pela Universidade de Coimbra. Nos primeiros dias da sua estadia em Coimbra, ela estava um pouco triste. Porém, gostava de ver o fumo das assadas de castanhas, na Praça 8 de Maio. Também passava horas a escutar músicas latinas para encurtar a distância

Acabou o Outono, chegou o Inverno. As chuvas e o frio; o quarto quentinho e a preguiça de sair de casa. No meio desse clima pálido, conheci a Viviane, que tinha já conhecido o Pablo (um outro latino perdido nos muros da académica coimbrã… chileno). Almoçávamos no lugar de sempre, tomávamos um cafezinho num bar qualquer e, depois, regressávamos para a labuta.

Um dia, fugimos dos olhos do Pablo e aproveitamos para fazer uma pequena visita à Baixa de Coimbra. Gostei da passeata do Mosteiro de Santa Cruz até a Sé Velha. Primeiro, entramos no Mosteiro de Santa Cruz, fundado em 1131, onde se encontram sepultados os dois primeiros reis de Portugal (D. Afonso Henriques e D. Sancho I). Pois, a cumplicidade entre a igreja e a monarquia...

Seguimos para a Rua Ferreira Borges, decidimos entrar no Café Nicola de Coimbra (um dos vários cafés espalhados nesta rua). Pedi um chá de tília e um pastel de natas; a Viviane apontou-se para o bolinho de bacalhau, preferindo também um descafeinado. Depois de repor as energias, descemos por uma curta escadaria lateral e confessei os meus pecados na Igreja de São Tiago, um templo românico do último quartel do séc. XII, que marcava, em Coimbra, o “Caminho de Santiago” (portanto, a peregrinação até Santiago de Compostela). Confesso também que, desde que estou em Coimbra, era a primeira vez que tinha entrado naquela igreja. Tinha passado vários anos fechada, porque estava a ser remodelada. Saí da Igreja de São Tiago como se tivesse lavado a alma.

Entramos através do Arco de Almedina e subimos pelas escadinhas do Quebra Costas até até a Sé Velha, construída depois da Batalha de Ourique (1139), quando Afonso Henriques se declarou como sendo o rei de Portugal, tendo escolhido Coimbra como a capital do reino. Na Sé Velha, encontra-se sepultado D. Sesnando (Conde de Coimbra).

 
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