Obama: “Yes, we can!”
Barack Obama Jr. nasceu a 4 de Agosto de 1961, no Havai, filho de um queniano e uma norte-americana, natural do Estado de Kansas. Formado em Ciência Política e em Direito, para além da advocacia, é professor na Faculdade de Direito da Universidade de Chicago, tendo sido antes o primeiro afro-americano Presidente da Harvard Law Review. Este “jovem” Senador pelo Estado de Illinois, é o único negro na actual legislatura norte-americana. Desde que começou a desempenhar funções políticas de maior destaque, Obama não tem deixado de referir à relação entre os seus pais, chegando a afirmar, durante a Convenção Nacional Democrática 2004, que “os meus pais não compartilharam só um amor improvável, eles compartilharam uma fé nas possibilidades desta nação”.
Enquanto potencial candidato às presidenciais de Novembro de 2008, Obama colocou o pé na poça com questões de política externa, tendo inclusive sido catalogado como sendo um “inexperiente”. Apesar da sua “inexperiência”, Obama tentou espalhar o seu charme político. Conseguiu superar a nível de financiamento para as campanhas, conseguiu o apoio de importantes famílias democratas e procurou jogar com o que tinha pelas mãos, sempre pensando em recuperar o “sonho americano”. O potencial candidato fartou-se de fazer referência às mulheres. Os nomes da avó materna e da mama (as mulheres que o criaram, a quem ele dedica o seu segundo livro, intitulado The Audacity of Hope), da esposa e das duas filhas, sempre que a situação se revelou oportuna, estiveram presentes no discurso de Obama. A família aparecia frequentemente no seu discurso, sendo o papel das mulheres referenciado. Para além de trazer as mulheres para a centralidade da sua auto-biográfica política, Obama não foi inocente ao abraçar a causa racial, chamando a atenção para séculos de opressão da camada negra na sociedade norte-americana. Já nestas primárias, o grito “Yes, we can!” (e a sua versão musicalizada) parece arrepiar qualquer pessoa atenta às múltiplas injustiças raciais naquela “sociedade democrática”. Até me emociono, com o discurso e o sorriso aberto de Barack Obama! Inclusive tenho passado horas no seu site, tentando analisar a força da expressão “our moment is now”.
Hillary: “We can do it!”
Hillary nasceu a 26 de outubro de 1947, em Chicago. Formou-se em Ciência Política e em Direito, tendo trabalhado no conselho editorial da Yale Review of Law and Social Action. Tem uma carreira de sucesso e uma invejável experiência profissional. Ainda jovem, teve experiência de participação política, despertando também para uma carreira política (veja o site da candidata). Como esposa do presidente Bill Clinton, foi a primeira-dama dos Estados Unidos da América, entre 1993 a 2001, tendo sido a primeira com uma pós-graduação e a primeira a ter uma carreira profissional de sucesso. Como primeira-dama, Hillary destacou-se pelas suas acções em prol dos direitos das mulheres e para o bem-estar das crianças. Desde Janeiro de 2001, tem ocupado o cargo de Senadora pelo Estado de Nova Iorque, sendo a mais jovem dos EUA. Se vencer as primárias democratas, Hillary será a primeira candidata feminina à presidência dos EUA (também teve direito a um video show).
Enquanto uma mulher negra, com um interesse especial pelas questões políticas e, em particular, pela participação política feminina, tenho acompanhado as primárias democratas com muita atenção. No fundo, sinto que estas eleições têm sido delicadas para mim. Tanto apetece-me gritar com o Obama (“Yes, we can!”), como apetece-me recordar o grito das trabalhadoras do século passado (“We can do it!”). Eu acho que, nesta vida, a batata quente está sempre nas minhas mãos. De qualquer maneira, a minha resposta é franca: se tivesse o direito de voto nas primárias democratas, o meu voto seria nulo, porque não seria capaz de votar contra a Hillary e nem seria capaz de votar contar o emocionante apelo de Barack Obama. Se for o Obama a vencer as primárias, desejarei tudo de bom para este “jovem” político e vou torcer para que ele consiga vencer o candidato republicano, esperando também que consiga ter condições para exercer o seu mandato presidencial. Se a Hillary seguir em frente, juntarei as minhas forças à grande movimentação feministas que surgirá a nível internacional. Claro, em Novembro deste ano, estarei nos EUA para trabalho de campo. E desejarei que a Hillary se junte às outras mulheres Chefes de Estado e, por tudo o que é mais sagrado, que ela venha a jogar flores onde houver discórdia. O meu desejo maior é que as mulheres que estão na política contribuam para uma Cultura da Paz, sendo que os EUA têm um papel importante nesta matéria.