Na Calheta da minha infância, tudo era diferente! A noite era maravilhosamente escura. A luz do podogó brilhava-se baixinho, iluminando a pequena sala, onde servíamos o jantar. Lá fora, a lua passeava-se pela noite. E, às vezes, escondia-se. As estrelinhas tapavam o céu quase por completo e, de quando em vez, aparecia uma estrela cadente (a mais vaidosa entre todas). Não tirava os meus olhos do céu. Até contava as estrelas! Fazia pedidos especiais. Acreditava nas estrelas! Estas brindavam a noite com a luz que apimentava as minhas fantasias de infância. Ainda hoje sinto o sabor do silêncio da noite nos meus lábios. Tenho uma enorme paixão pela noite! Gosto de vê-la chegar, trazendo a magia de tempos adormecidos. Perco-me pela madrugada adentro, mergulhada na noite, que vejo da minha janela.