Orfeu e Eurídice

Eurídice

Vem pela mão de Orfeu.
Vem, através dos tempos
E da morte,
Realizar, enfim,
O seu noivado eterno.
Do negro inferno
Do esquecimento,
Vem, casta e feminina,
Oculta no seu próprio encantamento.
Vem só em pensamento.
Ele é que a imagina.

Miguel Torga


Orfeu

I
Orfeu! Orfeu!
Nas profundezas do Hades,
Senti a força da tua imaginação.
Revoltada no mundo dos mortos,
Inventei a Ilha da Batalha.
Atravessei os tempos, venci a morte.
Libertei-me. Nasci de novo.
Badia. Fêmea. Mulher.

II
Escuto o som da tua lira, uma morna.
Vens no meu pensamento.
Imagino-te.
Saltitamos pelos campos floridos.
Aconchego-me no teu peito,
Onde sou eternamente a tua Eurídice.
Na primavera, erguer-nos-emos,
Indo além da imaginação.

Eurídice

 
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