A sementeira era uma actividade presente na vida da população boka-portuense. Os mais-velhos e as mais-velhas acreditavam que havia de chover, dando milho em abundância para que o país não voltasse a padecer de fome. Sabiam como o país dependia do milho semeado. Por isso, aguardavam com ansiedade a vinda da chuva e alegravam-se quando ouviam notícias de terra molhada nos arredores da Serra de Malagueta.
Os mais-jovens e as mais-jovens (menos crentes!) não depositavam esperança na chuva, nem tinham memória dos tempos famintos vividos nas nossas ilhas. Pronto, havia o Dota com as suas estórias sobre a fome de ´47. O Dota contava que ele resistiu à fome por causa de três grãos de milho cozidos em cinza quente. As suas mãos até tremiam, quando ele relatava as suas memórias de (sobre)vivência.