Dona
Chica sintonizou o pequeno rádio
À cata
de novidades de seu sofrido país.
Anunciou-se
a chegada da Democracia
Sob os
auspícios de Desenvolvimento e Liberdade
Para
promover o progresso da nação.
Pela
manhã, os jornais em enormes manchetes
Elogiaram
tanto a Democracia, que dona Chica
Imaginou-se
soberana Dama com poderes especiais
Para
realizar o milagre tão almejado do progresso.
Dona
Chica soube por uma professora local
Que a
Democracia se instalou no acanhado bairro
Ali,
na esquina, pertinho de sua casa.
Então,
dona Chica, como nos bons tempos, se enfeitou
Para
uma visita à distinta Dama que chegara.
E qual
não foi seu espanto ao encontrar a Democracia
Esfarrapada,
magra, olhar mortiço.
Depressa,
dona Chica voltou ao modesto recanto
Pegou
sua única galinha, preparou...
as águas subterrâneas


Na ilha
há anos
pelas esquinas do outro lado da
cidade
jazem as estátuas de velhas
promessas.
Porquê?
E todo este povo calado.
Do alto da ilha
nua
por dentro de tudo
tua voz de pedra
brada contra os murmúrios
dos subúrbios
desconhecidos
rogando pragas às raças malditas
quedando os sonhos
de todo este povo
da ilh...