Cabo Verde tem uma longa tradição migratória. Se hoje a emigração já não é tão romantizada ou sofrida como dantes, o que parece não mudar são as saudades. Basta ver a forma como a diáspora cabo-verdiana procura manter laços afectivos com as ilhas perdida no meio do mar!
Portugal é hoje um dos países onde a diáspora cabo‑verdiana se encontra melhor representada, acabando de ganhar mais um novo membro – Cristiano Ronaldo!, bisneto de uma berdiana que fugiu das ilhas, nos anos idos das secas, à procura de melhores condições de vida, aliás razão principal que tem impulsionado a emigração cabo‑verdiana.
Da mesma forma que a dita bisavó de Ronaldo por cá ficou, tantas outras almas berdianas vagueiam pelas terras lusas. Por mais anos que não visitam o país, por mais que as suas vidas se cruzem com outras vidas e se desvaneçam as possibilidades de regresso às ilhas, guardam sempre, para lá das lembranças, um pouco de CABO VERDE.
Ultimamente, tenho conhecido almas de origem berdiana que mesmo não partilhando as minhas loucas paixões pelas ilhas afortunadas, mesmo sem contactos reais com o arquipélago, guardam um pedaço de ternura que só pode ser berdiana. E o brilho que enche nos seus olhos quando ouvem falar dos destroços que o poeta nem sabe de que continente são. De repente, reabrem o baú de memórias, e desfolham episódios inesquecíveis. SODADE é a única palavra que conseguem pronunciar. Não importa quantas outras línguas conheceram, a palavra mágica traz o sotaque de um recanto qualquer do arquipélago. Ai como eu gostaria que, pelo menos, este sábado não acabasse nunca, fosse eterno!...