Neste navio…………….embarcados
somos náufragos…………….ancorados
Oh!
neste navio…………….ancorado
somos náufragos…………….embarcados
Oh! Navio!
Oh! Náufragos da terra longe!
Oh! Terra longe!
Oh! Terra!
Oh!
António Jacinto
C. T. Chão Bom, 28.12.65
É amanhã, quarta-feira, pelas 18h, na Livraria Bertrand (Dolce Vita, Coimbra), o lançamento do livro Campos de Concentração em Cabo Verde: Ilhas como Espaços de Deportação e de Prisão no Estado Novo, da autoria de Victor Barros. Tal como o subtítulo indica, Victor Barros concentra a sua análise nas ilhas como espaços de deportação e de prisão, revisitando a tradição histórica do desterro para os destinos insulares, e problematizando a sua apropriação pelo salazarismo para o isolamento e a prisão dos condenados. Uma ideia perpassa a obra, e prende-se com o desterro e a prisão no local de desterro.
ilha prisão e prisão na ilha
Victor Barros faz “um mapeamento dos diferentes destinos de deportação e prisão política, centrado nas ilhas onde ficaram celebrizadas a encenação e a materialização desta prática”. Neste sentido, o autor realça a prisão para deportados políticos na ilha de São Nicolau (1931), analisando depois a escolha de Tarrafal para a punição, primeiramente, dos opositores metropolitanos ao regime fascista instalado em Portugal (Colónia Penal do Tarrafal, 1936-1956) e, posteriormente, dos anticolonialistas africanos (Campo de Trabalho de Chão Bom, 1961-1974). E é em torno do Campo de Trabalho que Victor Barros focaliza a sua análise.