Filha do bravense filólogo Napoleão Fernandes, Orlanda Amarílis nasceu em 1924, na vila de Assomada, ilha de Santiago. Vivia no sítio de «Galo Canta», a cerca de três quilómetros da escola de Cabeça Carreira. Por isso, aos cinco anos, teve que se mudar para a ilha de São Vicente, a fim de estudar. Enquanto sobrinha de António Aurélio Gonçalves, tinha acesso privilegiado aos espaços culturais, o que lhe permitia conviver com escritores de nomeada da época. Tão cedo revelou interesse pela escrita, tendo sido a única rapariga da Academia Cultivar do Liceu Gil Eanes. Nesse frenesi juvenil, conheceu e casou-se com o ensaísta português Manuel Ferreira, que na altura era militar radicado naquela ilha. Com o marido, foi para Goa e deu volta ao mundo, e depois fixou-se em Lisboa. Com os filhos já crescidos, publicou alguns livros de contos, como «Cais-do-Sodré té Salamansa» (1974), «Ilhéu dos Pássaros» (1983) e «A Casa dos Mastros» (1989), para além de títulos da literatura infantil. Curiosamente, Orlanda Amarílis é uma das primeiras e poucas escritoras nascidas em Santiago, mas, se fosse forçoso situar a sua escrita literária, diria que ela é uma escritora mindelense e da diáspora lisboeta. Isto complexifica a identidade romanesca cabo-verdiana, sem dúvida...