TAVARES

Na passada quinta-feira (29/11/2007), o poeta cabo-verdiano José Luís Tavares, nascido lá pelas bandas do Tarrafal de Santiago, esteve em Coimbra para participar num colóquio dedicado aos claridosos.

O poeta surpreendeu-me com a sua infância revisitada, num diálogo íntimo com o Chiquinho (que, hoje, mocinho já não é, mas permanece assim no imaginário da obra que o protagonizou). A melodia cuidadosa imprimida na “Carta ao Chiquinho” contagiou a assistência. Eu até escutava as risadas inocentes do mocinho Chiquinho e do menino Tavares, enquanto galopeavam. Com a sua poesia, o poeta tinha já acordado o Mondego por ocasião do “VI Encontro Internacional de Poetas”. Desta vez, remexeu nas memórias da sua infância, nem tanto perdida.

Dizem que, desde o seu primeiro livro (Paraíso Apagado por um Trovão), este poeta tem feito um esforço extraordinário de invenção linguística. Infelizmente, ainda não li Paraíso... Nem por isso sinto mais receosa para falar da imaginação poética de José Luís Tavares. Pois, tenho entre as minhas mãos o segundo livro de poesia deste nosso poeta (Agreste Matéria Mundo). Trata-se de um livro com qualidade literária inestimável. Está na minha mesa-de-cabeceira. Por ser bastante denso, ainda não cheguei ao fim. Nem quero chegar ao fim! Prefiro roubar, sempre que me apetecer, um poema e mastigar devagarinho durante horas.

“Nenhum destino está escrito nas estrelas. O meu, construí-o por caminhos de cabras e de pedras, ouvindo perto o rugido do mar e os gemidos dos ventos da serra, entre gente de humilde condição, porém, de uma altivez tal apenas comparável aos impassíveis penhascos que outrora me vigiaram a infância”.
José Luis Tavares

 
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