DIA DAS MULHERES AFRICANAS

Durante breves minutos, fui matutando sobre a vida e a (sobre)vivência das mulheres no meu continente. Sem hesitar, cheguei à conclusão que o poema Mulher-(con)vento diz muito sobre as mulheres africanas. Deixo a interpretação aos/às leitores/as...

MULHER-(CON)VENTO

Converto mágoas em versosEscuto silêncios diversosTraduzo a vida em poesias, destinos perversosEuríd...

“LÁ VAI O COMBOIO, LÁ VAI APITAR”

Cheguei à estação por volta das 17h. Entrei no comboio e sentei-me ao lado de uma senhora, que me parecia ser cabo-verdiana. Até era cabo-verdiana! O seu nome de baptismo era Maria da Conceição Lopes Miranda. Estudou em Coimbra e, desde o início do mês de Junho, estava a tentar antecipar a propagação de um bicho maligno pelo seu seio esquerdo. Nessa empreitada, contou com o apoio dos médicos do Hospital da Universidade de Coimbra (HUC). Batalha quase vencida. Vou ficar na torcida!...Comecei a conversar com a Maria sobre a minha vivência académica, em Coimbra. E ela recordava também do tempo em que estudou nessa cidade encantada. Outros tempos, tempos difíceis. Pura adrenalina (!): fintar a PIDE, distribuir panfletos, chamar cabrão ao Salazar. E a greve estudantil de ’68? Uma maravilha à francesa!...

INTERIOR DE SÃO MIGUEL

No ano passado em pleno mês de Julho, tirei dois lindos dias para revisitar o interior do meu concelho. Fui de bicicleta até à Ribeireta. Passei o dia todo nessa pequena ribeira. Almocei com a nha Nanda. Depois fiquei durante várias horas a conversar com o meu amigo Mike, perto das ruínas da capela de Santo António. Encostada numa mangueira (só de pensar nas mangas da Ribeireta, verdes ou maduras, fico com água na boca!), jogávamos conversa fora. As ruínas chamavam a minha atenção. Ruínas misteriosas!Segui viagem, até chegar à Principal, ribeira dos meus sonhos!... Fiquei impressionada com a sua linda paisagem verdejante, protegida por rochas gigantescas, nunca dantes vistas pelos meus dois olhos. A Nasia Gomi nasceu nessa ribeira. Daí a força do seu batuque, capaz de sacudir as próprias rochas......

ACORDEI CEDO

(domingo, 29 de Julho, 8h10...)Acordei cedo. Quase não dormi a noite toda. Preocupações e orgasmos múltiplos sobre as possíveis hipóteses para uma proposta de tese! Acordei apavorada, tudo por culpa do meu despertador. Pior do que isso, estou sem vontade de estudar. Mas tenho que terminar de ler o livro de Brito-Semedo A Construção da Identidade Nacional. A pretensa homogeneidade cultural!...Vou continuar a minha leitura, porque estamos a cambar no mês de Agosto e tenho as minhas manias de pensar nos mergulhos na baia de Achada Portinho, no meu banho de sol na praia da Batalha, nos fins-de-semana no Tarrafal, e...

MADRUGADA ADORMECIDA

Noite escuraOndas mansas cantandoRespirando brisa de securaE a terra escutandoO silêncio da noite silenciosaDe magia amargaNa varanda ansiosaCom melodia naufragaDepois o galo cantouAnunciando a madrugadaNo quintal da vizinha um fumo soltouE a outra foi à lenha agasalhadaNa madrugada ainda adormecidaO pescador foi ao marCom a lua escondidaAtrás da montanha, sem pomarEuríd...

ÁGUA COM SABOR DE TERRA

(segunda-feira, dia 9 de Julho, 19h...)Cheguei há pouco tempo ao meu esconderijo de sempre. Coloquei a minha mochila num cantinho e fui à cozinha. Abri a torneira, durante breves segundos, caíram pequenas gotas de água estremecidas. Não me surpreendiam! Supunha do que se tratava. Fui ao contador d’água, onde encontrei, numa folha com o logótipo de Águas de Coimbra, a seguinte nota (intitulada Informação de Corte): “Informamos que nesta data procedemos ao corte de fornecimento de água às suas instalações por não ter sido efectuado, nos prazos estabelecidos, o pagamento da(s) factura(s) de água.” Poxa! Foi essa a minha reacção.Lembrei-me de que, na cidade da Praia, muitas famílias acumulam facturas de água durante alguns meses, fintando a Electra, S.A.R.L., Empresa de Electricidade e Água. Outros...

SONHEI COM FLAMENGOS

Flamengos, Flamengos!... O dia estava radiante. Passei o dia todo em Flamengos. Vi o milheiral mexendo ao som do vento. Vento fresco que controlava os meus passos pela encosta. Eu e o Francisco Lopes, fomos até à Casa Grande “Centro de Trapiches e Alambiques”. Ao contrário do que o nome indica, é um recinto pequeno, que guarda as marcas/manchas de um passado ainda recente e sempre presente no imaginário das pessoas desta pequena localidade à beirar-da-estrada.Depois desci pela encosta cantarolando. Percebi algo de estranho! Quase senti um calafrio. Cheguei à ribeira com o cordel da minha sandália desapertada. Parecia que estava a caminhar em direcção a um espaço mítico. O sol já se tinha acalmado. Era perto das 16h... Sentei-me num penedo e o Francisco noutro. O Francisco observava com atenção...

ILHAS COM MULHERES

Dez grãozinhos de areia dispersos no marUnidos pela mesma raizFirme da terra ao marRegada com o suor e o sangue da antiga cicatrizO milho semeado brotou esperançaErgueu-se a flor da naçãoCaminhando com perseverançaE traçando rumos além da imaginaçãoAs montanhas ecoam:--------As minhas ilhas têm mulheres!Os pardais assobiam:--------As minhas ilhas têm mulheres!Escutando o galo cantarA madrugada anuncia o acordar das mulheresPercorrendo vales e a lenha catarDescendo às ribeiras para buscar água, sem dissaboresEmbalando no cântico da CesáriaAs ondas acompanham o hino das mulheresTecendo na trapaceariaO cais sem desembargadoresRecordando ChiquinhoO mar anima as mulheresTirando o atum do barquinhoE despachando para outros laboresVivendo num profundo silêncioA paisagem natural convida as mulheresIdealizando...

NÃO CHORA MAMÃI

Com um raio de sol na minha caraAcordo sem o cheiro do teu café torrado--------E kuskus di midju-teraContento-me com um pão tostadoAndo pelas ruas sem pedregaisDeparo com árvores que não são acáciasEscuto pássaros que não são pardaisFalo com gentes sem caríciasNesta cidade distanteNão há vendedeiras ambulantesTudo é diferenteE abundam os espaços verdejantesPercorro um jardim com água correndo e saltando--------Sem encantadas cantadeirasCom uma nascente brotando--------Como nas nossas antigas ribeirasCaminho pela calçadaPasso numa praçaCansadaColho flores de esperançaDescendo sossegadaCom a minha sandália de cabedalPasso por um mercado onde as peixeiras vendem dobradaSem aventalAs minhas pernas transpiramA minha boca sente sedeO meu corpo todo e a minha alma suspiramMas a água sem o sabor de...
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