UM MERECIDO DESCANSO

(sábado e domingo, 29-30 de Setembro)

O dia acordou com vontade de chorar. As previsões indicavam sinais de chuva no interior de Portugal. Mesmo assim, depois de uma manhã de exercício auto-biográfico num seminário de Estudos Feministas, segui para Oliveira do Hospital com a Ana Paula, que me instigou a não registar no meu diário as suas qualidades ao volante. Por volta das 14h, estacionamos em Santa Ovaia, uma pequena aldeia portuguesa.

Quando cheguei, fui recebida com o afago de sempre. Entretanto, importa realçar que cheguei num momento sensível para a minha família oliveirinha: a avó queixava-se de uma das pernas; a filha preparava-se para o início da sua aventura universitária (tal como o irmão, ela sempre ambicionou estudar em Coimbra); o filho recém-licenciado parecia animado com o Peugeot 308, acabadinho de ser apresentado pelo concessionário Automóveis do Mondego; o pai aguardava o Benfica-Sporting, mas orientava as nossas conversas sobre o sistema judicial português; a mãe de lindas madeixas estava preocupada com as mudanças por que passava a família, mas aproveitava sempre para atestar o meu paladar. O jime, um novo membro da família, não me conhecia, mas tão cedo parou de latir.

Depois do almoço, da habitual ida ao café e de uma volta em Oliveira do Hospital, apanhamos a auto-estrada para Figueira da Foz. Portanto, fizemos marcha-atrás no percurso que eu tinha acabado de trilhar. Observamos o desfile dos gigantes eucaliptos, animados pelas entoações de Rui Veloso. Na praia de Buarcos, vimos o cair da chuva no mar, a fúria das ondas, os sinais de relâmpagos, as gaivotas na areia... Com insistência, alguém repetia um conhecido provérbio: “gaivotas em terra, tempestade no mar”. O cemitério frente ao mar foi o que mais me surpreendeu. Fui informada que a vila guarda a memória de trágicos naufrágios. Depois rodeamos para Figueira da Foz, onde não recusamos um delicioso gelado. Com o cair da noite, deslizamos para a Santa Ovaia.

Queria galgar a Serra da Estrela, mas o mau tempo que se fazia sentir atrapalhou os meus planos. Acabei por ficar pelos arredores da Santa Ovaia. Tive a oportunidade de avistar: a Vila de Avô; a Aldeia das Dez; a Vila Pouca da Beira. Fiquei muito emocionada com a Vila de Avô, banhada pelo rio Alva e depositária de um castelo medieval. Esta vila tem sido apresentada como a terra do poeta-guerreiro Brás Garcia Mascarenhas e onde viveu o médico-poeta Vasco de Campos... No domingo, voltei para Coimbra com a vontade de regressar à Varanda de Avô.

 
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