Queria começar esta carta da seguinte forma: “Calheta, aos 30 de Novembro…”. De repente, apercebi-me de que estou em Coimbra e apaguei o que tinha já registado. Então, voltei à vida virtual para responder as tuas questões. Antes disso, vou tentar analisar o debate fomentado por sete blogs: Albatrozberdiano, Filinto Elísio; Pedrabika, Amílcar Aristides; Soncent, Eileen Barbosa; Son di Santiagu, Djinho Barbosa; Ala Marginal, Abrãao Vicente; So pa Fla, Chissana Magalhães; Igualdade na Diferença, Eurídice Monteiro.(Albatrozberdiano, Filinto Elísio) Num post sobre a problemática do bilinguismo (18/08/2007), intitulado “O bilinguismo nosso de cada dia”, Filinto Elísio refere à necessidade de tradução para crioulo cabo-verdiano tanto da Bíblia, como também da Constituição Nacional. Ressalta a necessidade...
QUERIDA EILEEN (I)


Na nossa última conversa instantânea no messenger, tu estavas na Irlanda, desafiando o frio gélido e aquecendo a tua alma com poemas rabiscados por ti directamente na língua inglesa. Gostei deveras daquele poema ("Keep low profile"), especialmente dos últimos versos que quase sinto deslizar nos meus lábios como o meu gloss da Clinique: “Don’t you stare/ Put down your chin/ Don’t show pride/ When you need to hide”.Enquanto conversava contigo, eu fazia um esforço tremendo para ignorar as lembranças que, teimosamente, persistiam em cada objecto na minha escrivaninha. Por mais que tentava fugir dessas lembranças, algo mais forte me trazia mensagens de momentos registados num pergaminho ou apenas ecoados no chão vermelho do meu coração doentio de tantas saudades. Quando virava para o Norte, pensava...
25 DE NOVEMBRO



Hoje, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, não podia deixar de pensar sobre as várias formas de violência (física, sexual e psicológica) que atingem a camada feminina.Aproveito para fazer um apelo a tod@s no sentido de reflectirem sobre esta problemática no nosso quotidiano...
O FAZEDOR DE UTOPIAS



Hoje, pelas 18:30mn, a Casa Fernando Pessoa vai acolher o lançamento de O Fazedor de Utopias: Uma Biografia de Amílcar Cabral, da autoria do jornalista e escritor angolano António Tomás. A apresentação vai estar a cargo do escritor (também angolano) José Eduardo Agualusa.Amílcar Cabral nasceu a 12 de Setembro de 1924, na actual Guiné-Bissau, sendo filho de pais cabo-verdianos. Em 1956, fundou o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde). Quase no fim da luta por ele engendrada, a 20 de Janeiro de 1973, foi assassinado numa noite ainda muito mal contada. Este biografado foi um homem do seu tempo, que conseguiu lançar utopias...
A TI, MULHER!


A tiQue no teu seioRecolheste e fecundasteO gérmen do meu serE regasteO meu corpoCom o sangueDas tuas veias[...]A tiParceiraCerta e quenteDos meus ardentesMomentosEva sensualDos meusLibidinosos sonhosE esquivas aventurasA tiMulherEscrava libertaAmazona indomávelDa nossa lutaA tiMulherDe balaio à cabeçaEnxada ao ombroEspingarda em punhoOu livro abertoA tiMulherDe menino às costasSoprando lumeOu cochindo milhoNas ladeirasCatando lenhaOu ao sol do meio-diaConstruindo diquesE abrindo estradasNo hospital curandoOu na escola ensinandoSoldadoEm todas as frentesparticipandoA timulherA tiFongaMunanaTitinaNaiaMunturaNhaminaA tiMulherDe Chã de TanqueRabilCova FigueiraMonte-SossegoCoculiNossa Senhora do MontePedra de LumeMorroCarriçalA tiMulher de Cabo VerdeA tiMulher-mãeMulher-filhaA tiMulher-esposaMulher-amanteMulher-amadaMulher-amorA...
Filha do Mar


Quando nasci, no dia primeiro da segunda metade de um jucundo Novembro, a minha pequena aldeia parecia serena. A vizinhança escutava a dor da mãezinha, segurada pelo enfermeiro confiante, que recusou chamar a parteira.
A Afrodite preparava-se para pousar no silêncio da noite, acompanhada pela melodia das ondas, que lambiam a areia negra sonolenta. Porém, um manto largo castanho-avermelhado estendia-se no céu, desde o cimo de Monte Serrado. As lágrimas dos deuses e das ninfas começavam a cair. Até pareciam conduzir Orfeu às profundezas do Hades para resgatar a Eurídice.
Algures entre as montanhas e os vales, no momento em que a povoação se preparava para embalar na mansidão da noite, entoei o meu primeiro grito. Emprestaram-me o nome da bela ninfa auloníade, reencarnando subitamente um amor...
PARABÉNS AO MESTRE



Nasceu no dia quinze de Novembro, do ano de mil novecentos e quarenta, em Coimbra. Hoje, é conhecido como sociólogo, professor universitário (professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e professor convidado na Universidade de Wisconsin-Madison), poeta e activista. Através do Centro de Estudos Sociais por ele dirigido, tem vindo a se afirmar como um dos principais intelectuais da área de Ciências Sociais, com mérito internacionalmente reconhecido.Deixo aqui neste esconderijo, um especial abraço ao meu amável professor e orientador BSS (Boaventura de Sousa Santos), cujo trabalho representa uma forte influência na...
SUJEITOS ACTIVOS



No dia 16 de Novembro, pelas 18:30 mn, no Hotel Trópico (Praia, Cabo Verde), será apresentado o livro Género e Migrações Cabo-verdianas, organizado pelas investigadoras: Marzia Grassi (Economista do Desenvolvimento, Investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e autora de Rabidantes: Comércio Espontâneo Transnacional em Cabo Verde) e Iolanda Évora (Psicóloga Social e Investigadora do Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa).Nesta colectânea, composta por textos de um conjunto de especialistas internacionais sobre as migrações contemporâneas,...
AZÁGUA



A sementeira era uma actividade presente na vida da população boka-portuense. Os mais-velhos e as mais-velhas acreditavam que havia de chover, dando milho em abundância para que o país não voltasse a padecer de fome. Sabiam como o país dependia do milho semeado. Por isso, aguardavam com ansiedade a vinda da chuva e alegravam-se quando ouviam notícias de terra molhada nos arredores da Serra de Malagueta.Os mais-jovens e as mais-jovens (menos crentes!) não depositavam esperança na chuva, nem tinham memória dos tempos famintos vividos nas nossas ilhas. Pronto, havia o Dota com as suas estórias sobre a fome de ´47. O Dota contava que ele resistiu...
BOKA-PORTU (registos quase-esquecidos)


(Coimbra, 7 de Novembro de 2007)Hoje, acordei com uma sensação esquisita. Não sabia se eram os excessos de saudades, ou se eram apenas os efeitos das noites mal dormidas. Quando me levantei da caminha, sintonizei a RDP-África. O meu diário cor-de-rosa continuava aberto, na mesma página que deixei antes de adormecer. Estiquei o meu braço esquerdo e apanhei-o para (re)ler os registos sobre a minha infância-juventude na pequena aldeia onde nasci.Apetecia-me reescrever algumas linhas sobre a Calheta da minha infância. Como devia recomeçar? Era uma vez... Assim, não me agradava! Pensando um pouco na forma como devia reescrever os registos do meu diário, acabei por decidir que o processo de reescrita seria mais elaborado se eu estivesse sentada na praça do Porto, com a cara virada para o mar. Comecei...
CLARA SPENCER



Clara Spencer acabou de regressar de Cabo Verde, após cinco meses de pesquisa empírica sobre o programa de luta contra a pobreza a nível comunitário (na ilha de São Nicolau). Esta temática tem ocupado o centro da atenção desta jovem investigadora cabo-verdiana, que se encontra a preparar a sua Dissertação de Mestrado em Sociologia, aqui na Universidade de Coimbra.Hoje, fui lanchar na casa da Clarinha, que trouxe coisas da terra para adocicar a minha imaginação. Eu, a Clarinha, a Eloisa (de São Nicolau) e a Joana (de Santo Antão) passamos o final da tarde a jogar conversa fora sobre o nosso país. Com o cair da noite, fomos espreitar as fotografias...