Calheta, o meu porto de abrigo...

Monólogos com a minh’aldeia

I
Calheta,
Ao longe,
Sobre os montes,
A cruz da tua capela avisto.
Em meu coração alçada ergue-se a cruz
E com ela tu também.
Invade-me
- sob a concha da infância –
Uma saudade imensa, que me torna imenso.
...
Vêm a meu alado encontro
As aves da minh’aldeia.
A meu encontro vêm.
São tão belas quanto tão belas são!
E quando partem quais os olhos que
Não vêem os horizontes que a meu encontro vêm?
...
Pequena baía do meu coração qu’em ave s’abre,
Sonho de carmesim destes montes à tardinha,
Pátria superna de toda a saudade auroral,
Deusa da minha infância sempre idêntica,
Calheta de mar bucólico até à espuma,
De lua docemente infante na noute
E de céu com saudade de um ninho cá em terra.


II
A casa da minha infância dá para um mar
Que não quer dar para os horizontes
Mas sòmente para as casas da minh’aldeia.

A casa da minha infância tinha um belo quintal,
Um belo quintal bem mais bonito
De que todo o quarto de menino de cidade,
Onde eu brincava sumamente feliz,
Discretamente eterno, com a minha infância.
Lembro-me – disso sempre me lembrarei –
Que se escondia, tão esperta,
De mim a minha infância, pelas gretas da parede.

Meu Deus do Céu, sob a sombra desta mesm’árvore,
Deixai‑me brincar – novamente –
Um só momento com a minha infância.

Vadinho Velhinho


…o prazer de estar em casa.

No meu porto, encontro a paz como em nenhum outro lugar. Em cada esquina, um sorriso me espreita, uma mensagem me faz mergulhar na baía da minha infância. A noite é mágica, nasce e desvanece sorrateiramente. Aqui, as estrelas jogam às escondidas entre os montes. A Lua é uma parte de mim...

 
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