A ciência por cá

O blog na esquina do tempo acaba de publicar uma curta e dura crónica ou uma espécie de desabafo (conquanto com uma boa dose de humor), onde se pode ler o seguinte:
Mindelo, uma cidade nascida sob o signo da história, hoje já só tem estórias para contar. Anunciam-se com ciência, paliativos e soluções às gentes sem ciénça encalhadas na ilha.
SonCent sempre foi conhecida como tendo gente de ciénça, com habilidade, jeito, criatividade, auto-suficiência e, sobretudo, que respinga, que não leva desaforo […]. Hoje a ilha pode gabar-se de muitas conquistas, incluindo a universidade para os seus filhos, mas a sua gente já não é o que era. Ela tornou-se despreparada, sem fibra, balofa, sem respeito, sem auto-estima, dependente, em suma, sem ciénça […]
Na ilha-sede [ST] abriu-se, há já algum tempo, com pompa e circunstância, uma Casa da Ciência. Na altura, publicitou-se ou justificou-se uma idêntica para a ilha do norte [SV]. Contudo, nem aquela funciona nem esta foi instalada. Diz-se que isso só é possível porque o próprio dono da Casa não tem ciénça […]. v+

Isto está a dar muito que falar junto de um pequeno grupo no facebook. Tece-se argumentos e contra-argumentos sobre informações e saberes disponíveis em cada época, como também quanto aos métodos de ensino-aprendizagem.

A crónica, eu acho, toca em parte numa ou noutra questão há muito comentada à boca miúda. Na verdade, a efervescência científica em Cabo Verde nunca foi forte. Também é verdade que temos, há já algum tempo, uma certa sensação de que deixamos de pensar criticamente as coisas que nos rodeiam, talvez porque mergulhámos cada vez mais em uma tal morabeza ainda que artificial. Por outro lado, acredito que São Vicente e outras ilhas deste arquipélago continuam como palcos de produção artística, cultural e de saberes de várias ordens. E tudo isto é ciência, também.

 
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