Estou neste momento a ler o novíssimo romance do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Uma leitura agradável para estes dias da época mais quente cá nas ilhas. Agualusa traz-nos uma versão deliciosa sobre a celebrizada Rainha Ginga (1583-1663), que eu já conhecia através dos estudos da historiadora haitiana e afro-feminista Linda M. Heywood. A figura do narrador é um estranho, por sinal um padre pernambucano em plena crise de fé, enviado pelo Bispo por encomenda do governador português Luís Mendes de Vasconcelos com o propósito de a servir quando ainda nem era rainha mas usufruía do facto de ser a irmã mais velha e conselheira preciosa do rei, o belicoso senhor Dom Ngola Mbandi. Estando nas páginas iniciais do romance ainda não posso descrever com precisão o teor da narrativa mas tudo indica ser uma empolgante e fascinante história de combate entre Angola e Portugal numa época agitada e marcante dos primórdios do ciclo colonial-escravocrata. Publicado no passado mês de Junho, este romance é agora apontado como um dos momentos mais altos da obra de José Eduardo Agualusa.