Pátria


Julinhu d’Morera

Não me lembro em que classe andava. Julinhu d’Morera, colega de turma do meu mano Lindo, era demasiado distraído. O pai ralhava‑lhe sempre por causa da desatenção indevida que dedicava à leitura e aos estudos.

Bom, naquele ano, num exame da primária, após ter lido um texto sobre a “Pátria”, onde suponho que uma mãe vagamente explicava ao filho o significado da Pátria, a sua querida professora Clarisse perguntou:
- menino Júlio, o que é a Pátria?
- hummm... (murmurou durante segundos).
- Júlio...
- Prusora, prof... A Pátria é a minha Mãe!

Foi assim que respondeu o Júlio, com a insegurança contida na resposta que lhe valeu a reprovação naquele triste ano lectivo para a família do velho sapateiro Morera.

Quando o meu mano Lindo regressou da escola, com um sorriso de menino aprovado, contou-me a estória da Pátria do Julinhu. Fartei-me de rir, mesmo sem enxergar o sentido improvisado que o Julinhu atribuíra à sua pátria.

 
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